Memorial do Holocausto em Berlim, inaugurado há três anos, já precisa de obras
Berlim, 21 Jan (Lusa) - O Memorial do Holocausto, em Berlim, um dos monumentos nacionais mais visitados de toda a Alemanha, inaugurado há menos de três anos, já tem danos avultados de centenas de milhares de Euros e terá de ser restaurado.
Uma peritagem encomendada pela revista cultural alemã Cícero, realizada nas últimas oito semanas, apurou que quase metade dos 2711 blocos de betão que formam o Memorial estão rachados.
Com os blocos, dispostos em forma de lápidas, o autor do Memorial, o arquitecto norte-americano Peter Eisenmann, quis representar um grande cemitério, para lembrar o genocídio de seis milhões de judeus pelo regime nazi, durante a II Guerra Mundial (1939-1945).
O monumento nacional ao ar livre, que está aberto noite e dia, e dispõe ainda de um Centro de Documentação, custou 27,6 milhões de Euros, e está situado em pleno centro histórico, a pouca distância da Porta de Brandemburgo.
A peritagem aos blocos de betão de diferentes tamanhos - os maiores têm 4,70 metros de altura -, levada a cabo por um especialista neste tipo de material, revelou que 1361 peças estão danificadas, embora em algumas as fendas não ultrapassem as duas décimas de milímetro.
A causa dos prejuízos foi atribuída às diferenças de temperaturas entre a superfície exposta ao sol e a parte dos blocos que normalmente fica à sombra. A parte sobreaquecida dilata, o que não acontece com a parte mais fria, o que dá origem a tensões e provoca as fendas.
As peças foram fabricadas em betão muito resistente, em antracite, por uma firma de Berlim, e para evitar uma rápida deterioração foram tratadas com uma substância protectora que permite, por exemplo, remover facilmente inscrições (como os chamados graffities).
Os danos foram avaliados pelo mesmo perito entre 100 mil e 200 mil Euros, e a necessidade de restaurar o Memorial já foi reconhecida anteriormente pelas instâncias oficiais.
A Fundação Judeus Mortos na Europa, responsável pela manutenção do monumento, já informara em Agosto que havia fissuras de diferentes tamanhos em 400 blocos de betão.
Estava planeada proteger os blocos do duro Inverno alemão com uma cera sintética, o que não aconteceu "por ter havido divergências" entre o Senado de Berlim, o governo da cidade, e a firma encarregada dos trabalhos, disse em Berlim a porta-voz da Fundação, Felicitas Borzym.
Os trabalhos de recuperação do Memorial do Holocausto deverão agora iniciar-se na Primavera, depois de novo levantamento da situação, acrescentou a mesma responsável, recusando pronunciar-se sobre a peritagem publicada pela revista Cícero.
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