Ministra da Educação timorense pede apoio para expandir ensino em língua materna
A ministra da Educação timorense, Dulce Soares, pediu hoje aos parceiros de Timor-Leste apoio para expandir o programa de Educação Multilingue e Língua Materna (Emuli) e levá-lo a 100 escolas em 2026.
"Qualquer apoio que os nossos parceiros possam oferecer ao programa, seja financeiro, material, de desenvolvimento profissional, de oportunidades de aprendizagem, será bem-vindo", afirmou a ministra, numa intervenção proferida durante um encontro com os parceiros.
O Emuli abrange atualmente 60 escolas a nível nacional e pretende alfabetizar as crianças que não falam as línguas oficiais do país, nomeadamente tétum e português.
Com 16 línguas maternas, incluindo o tétum que se tornou língua oficial, Timor-Leste tem uma grande diversidade cultural e ainda existem muitas crianças que são criadas em língua materna e não falam nem o tétum, nem o português.
Segundo a ministra, o Emuli tem sido eficaz a ajudar as crianças timorenses que não dominam as línguas oficiais a aprender.
"Estamos a observar resultados simultaneamente significativos e duradouros, com as crianças a iniciarem a aprendizagem da leitura e da escrita muito mais cedo do que em qualquer outro tipo de escola ou programa existente no país", salientou na intervenção Dulce Soares.
A ministra defendeu que quando as crianças aprendem na língua que já conhecem é removido um dos principais obstáculos à literacia, porque estão concentradas apenas na "tarefa, por si só exigente, de aprender a ler".
Dulce Soares lembrou que a leitura é um degrau que permite aceder ao conhecimento, mas também às "competências essenciais do século XXI, como pensamento crítico, resolução analítica de problemas, criatividade e comunicação".
"E, naturalmente, em Timor-Leste precisamos de garantir que os nossos estudantes dominam as duas línguas oficiais, tétum e português", disse, salientando que aprender bem a língua materna é a melhor forma de adquirir outras línguas.
"Portanto, se queremos que todos no país falem as línguas oficiais, temos a responsabilidade moral de lançar a tábua de salvação que é o Emuli às nossas crianças rurais que dela necessitam", defendeu a ministra.
Atualmente, o Emuli funciona nos municípios de Lautém, Manatuto e na Região Administrativa Especial de Oecussi-Ambeno.
Em 2026, o Ministério da Educação pretende expandir o Emuli a toda a região de Oecussi e abrir em mais três novas áreas linguísticas.
"Estas extensões e expansões resultam da identificação da necessidade de educação baseada na língua materna pelos próprios líderes escolares e comunidades", acrescentou a ministra.
Dulce Soares disse também que o Emuli já não é um programa apoiado e executado pela UNESCO, tendo sido integrado plenamente no Ministério da Educação e que a partir de janeiro terá um departamento próprio.