Ministro da Cultura confiante em solução para projecto de Siza Vieira, presidente autarquia confirma

Madrid, 13 Dez (Lusa) - O ministro da Cultura espanhol, César Antonio Molina, anunciou que entre hoje e sexta-feira deverá ser conhecido um acordo para o polémico projecto de Siza Vieira de reforma do eixo Prado-Recoletos, contestado em particular pelo Museu Thyssen.

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O acordo foi confirmado pouco tempo depois pelo presidente da autarquia, Alberto Ruiz-Gallardón, que referiu que a zona pedonal em frente ao museu será ampliada.

Num encontro informativo em Madrid, Molina explicou que técnicos do seu Ministério, do Thyssen e da Câmara Municipal de Madrid (responsável pelo projecto) tem estado reunidos a analisar as dúvidas em torno ao projecto do arquitecto português.

Entre os temas em discussão está a questão da circulação automóvel em frente ao Thyssen, que o museu tem exigido seja mais afastada, com vias de passagem de veículos apenas num dos lados da avenida e mais espaço entre a instituição e os veículos.

"Há um acordo que conhece a baronesa (Thysen, Carmen Cevera) porque eu próprio lho expliquei", referiu César António Molina, que disse ter "ouvido as suas reflexões e procurado unir os técnicos das três partes".

"Uma proposta deverá ser conhecida entre hoje e amanhã", sustentou Molina, referindo desconhecer qual a posição do governo regional de Madrid que inicialmente também criticou o projecto avançado recentemente pela autarquia.

Segundo Gallardón, esse "princípio de acordo" prevê ligeiras modificações ao projecto mais recentemente apresentado pela autarquia, garantindo mais espaço de passeio para o Thyssen sem alterar o Salão do Prado, um amplo passeio em frente ao Museu do Prado e Jardim Botânico.

"É uma magnífica notícia que este projecto da Câmara conte com o apoio dos três museus que conformam o passeio da arte - Prado, Thyssen e Rainha Sofia", disse, saudando o "trabalho de aproximação" feito nas últimas semanas pelo Ministério da Cultura.

Apresentado a concurso há cinco anos, e com obras previstas para começar em 2009, o projecto desenhado por Siza Vieira para a autarquia de Madrid tem sido marcado praticamente desde o inicio pela polémica.

Quer o projecto inicial quer uma versão alterada, apresentada esta semana, foram já contestados pela baronesa Thyssen, que ameaçou levar o Museu Thyssen para outro ponto de Madrid, com menos tráfico, se a ideia avançar.

A reforma em questão centra-se no eixo das avenidas Prado e Recoletos, duas das principais da cidade e onde estão, entre outros, o Museu do Prado e o Museu Thyssen, dois dos maiores ícones culturais de Madrid.

O desenho inicial, que há cinco anos foi posto a concurso, causou intensa polémica, levando a baronesa Thyssen a acorrentar-se a uma árvore em protesto contra o corte previsto de árvores e contra a reforma que prejudicaria o Museu Thyssen.

Depois de meses de polémica a autarquia apresentou algumas alterações mas que para a baronesa, Carmen Cervera, continuam a ser insuficientes, já que o Museu Thyssen está "totalmente desfavorecido".

Os responsáveis camarários insistem que a alteração ao desenho, levada a cabo pela equipa de Siza Vieira, não só reduzirá o trânsito na zona em cerca de 30 por cento mas incluirá a plantação de mais 2.273 árvores em todo o percurso, entre as praças de Colón e Atocha.

Nas suas declarações de hoje Molina manifestou-se optimista sobre a solução da polémica, sendo essencial "procurar a melhor solução para os cidadãos" e para o Thyssen, com as conversações a "avançarem muito depressa".

Juan Miguel Hernández León, co-autor do projecto com o português Siza Vieira, destacou hoje que a equipa está à espera de que se formalize o acordo para que o projecto possa avançar.

Relativamente à ameaça da baronesa Thyssen de retirar o museu do local onde se encontra em caso do projecto avançar com está, Molina recordou que o Estado espanhol comprou em 1993 cerca de 700 quadros da colecção Thyssen, por cerca de 350 milhões de dólares.

Daí que a baronesa apenas seja proprietária dos mais de 250 quadros da sua colecção privada.

ASP.

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