Com música de Astor Piazzolla e textos do uruguaio Horacio Ferrer, esta obra em duas partes teve a sua estreia em Buenos Aires em Maio de 1968.

Agora será apresentada no São Carlos numa produção dirigida pelo maestro Victor Villena e encenada pela alemã Desirée Meiser, que tem dedicado o seu percurso ao teatro musical.

Horacio Ferrer, que escreveu o libreto, sugeriu a Piazzola que usasse o tango como modelo desta ópera e "Maria de Buenos Aires" acabou por, ao longo de 16 quadros, juntar canções e dança numa alegoria da história do tango e do próprio compositor.

A personagem de Maria, que nasceu num subúrbio pobre de Buenos Aires, deixa-se seduzir pelo bandoneón e o tango, morrendo depois de ter atingido o seu momento de glória, mas a sua sombra continuará a pairar sobre a cidade.

Além de Mísia, o actor argentino Manuel Callau e o tenor neozelandês Keith Lewis vão dar voz a esta operita-tango que terá coreografia de Amir Hosseinpour e cenografia de Hermann Fuechter.

A música será interpretada pelo Quinteto El Después, um agrupamento fundado pelos argentinos Victor Villena (bandoneón) e Alejandro Schwarz (guitarra), dois nomes reconhecidos no mundo do tango, e que reúne ainda o violinista Cyril Garac, o pianista Ivo de Greef e o contrabaixista Bernard Lanaspèze. A estes cinco músicos juntam-se elementos da Orquestra Sinfónica Portuguesa.

Os figurinos são assinados por Brigitte Reiffenstuel, a dramaturgia por Ute Haferburg e os bailarinos foram seleccionados pelo coreógrafo Hosseinpour.

Mísia, que desde 1990 se tem dedicado ao fado, cantou em palcos de todo o mundo, de Nova Iorque a Tóquio. Mais recentemente tem interpretado outros géneros musicais.

Em Março passado, cantou Kurt Weill no Centro Cultural de Belém, num programa inserido na temporada sinfónica do São Carlos. Agora será a vez de no palco do próprio teatro lírico protagonizar o espectáculo que vai encerrar a temporada.

"Maria de Buenos Aires" tem espectáculos sexta-feira e sábado e depois a 1, 3 e 4 de Julho.