Moradores do Bairro do Aleixo actores e figurantes em longa-metragem portuguesa
Porto, 23 Fev (Lusa) - Os moradores do deprimido Bairro do Aleixo, Porto, vão participar como figurantes e actores não profissionais na rodagem de "Bicicleta", uma longa-metragem de Diogo Sousa que estará nos circuitos comerciais em 2010, disse hoje à Lusa fonte da produtora Liberdade Filmes.
valter hugo mãe é o argumentista de "Bicicleta", que se inspira em "Ladrão de Bicicletas", realizado nos anos 40 pelo italiano Vittorio de Sica.
"O argumento tem alguns pontos em comum com o [filme] italiano. O personagem principal também é um homem que procura emprego, casado e com uma filha, a quem roubam a bicicleta de que precisa para conseguir trabalho", disse à Lusa o produtor Luís Vieira Campos.
"É um filme sobre a desigualdade social, mas não, no trabalho, uma perspectiva documentarista", adverte Luís Vieira Campos.
O argumentista sustenta, por seu lado, que "Bicicleta" é "a visão de uma mesma angústia no Porto de hoje onde, afinal, tantos problemas de há décadas se mantêm e, infelizmente, se intensificam".
"Agora, mais do que nunca, a percepção da pobreza, mormente no que respeita ao drama do desemprego e da exasperante dificuldade de conseguir trabalho, é um tópico presente", acrescenta valter hugo mãe.
O personagem principal, António, e sua mulher, serão actores profissionaia, cujos nomes não foram avançados, mas a filha, "personagem importantíssima", tal como dezenas de outros actores e figurantes serão escolhidos num casting a realizar, entre quarta e sexta-feira, no Bairro do Aleixo, que também será um dos cenários escolhidos para a rodagem da película.
Algumas cenas serão rodadas noutros bairros sociais do Porto, nomeadamente Pinheiro Torres e Pasteleira, mas a equipa do jovem realizador Diogo Sousa, filmará também passagens da película na Foz Velha, Marginal e Sé, bem como em algumas zonas ditas ricas do Porto, onde o personagem principal arranja emprego a distribuir produtos alimentares.
A rodagem de "Bicicleta" começa em Maio e dura cinco semanas, prevendo a Filmes Liberdade que a película entre no circuito comercial em 2010.
O filme vai custar 400 mil euros, um orçamento "muito baixo" mesma à escola nacional, suportado com capitais próprios da Filmes Liberdade, ainda que a produtora mantenha a expectativa de conseguir alguns apoios.
O baixo orçamento do filme não é, para Luís Vieira Campos, a razão que determinou a escolha de não profissionais para parte do elenco do filme.
"Tem a ver sobretudo com a filosofia de produção", garantiu.
JGJ.