Morreu a bailarina e coreógrafa alemã Pina Bausch
A bailarina de 68 anos faleceu esta manhã, de acordo com a companhia Tanztheater Wuppertal, depois de há cinco dias lhe ter sido diagnosticado um cancro. A companhia refere que ainda no domingo a artista subia aos palcos.
Josephine Bausch nasceu a 27 de Julho de 1940 em Solingen, na Renânia do Norte Vestfália, Alemanha, e cresceu no hotel-restaurante da família. Inicia a formação em dança aos 14 anos, com o coreógrafo Kurt Jooss, que propõe a fusão do movimento, com a música e os elementos de arte dramática.
Entre 1959 e 1962 estuda na Juilliard School, em Nova Iorque, onde tem como tutores Anthony Tudor, José Limon e Mary Hinkson. Colabora com o New American Ballet e com a Metropolitan Opera de Nova Iorque. No regresso integra a nova companhia de Folkwang d'Essen, na localidade onde estudou.
Em 1968, apresenta a sua primeira coreografia, "Fragments", com base numa obra do húngaro Bela Bartók. Assume a direcção artística da companhia no ano seguinte, continuando a criar e a dançar. Em 1973 inicia-se na direcção do Tanztheater Wuppertal, na região do Ruhr, a mais populosa e industrializada da Alemanha.
O estilo expressionista das suas criações - que rompe com as formas tradicionais do teatro-dança - começou por gerar controvérsia, antes de alcançar o reconhecimento mundial.
Durante três décadas, a sua companhia apresentou-se todas as temporadas no Théâtre de la Ville, em Paris. As digressões internacionais da companhia esgotavam com rapidez.
A "Festa em Wuppertal", que teve a primeira edição em 1989, para assinalar os 25 anos da companhia, reuniu amigos e criadores de todo o mundo. Participou nos filmes "O Navio" (1983), de Federico Fellini, e "Fala com Ela" (2001), de Pedro Almodôvar. Realizou, em 1990, "A Queixa da Imperatriz".
A criadora foi agraciada com vários prémios, o último dos quais o Prémio Goethe, na Alemanha. Na cerimónia de entrega, o realizador Wim Wenders dizia que este era um reconhecimento da sua criatividade na dança moderna e por ter inventado "uma nova arte". Segundo Wenders, as coreografias de Bausch mostram "o movimento como meio de comunicação vernáculo do ser humano".
O realizador Fernando Lopes, amigo e autor de um filme sobre a artista, em declarações à Antena1, considera que a morte de Pina Bausch "é uma perda absolutamente monumental para a cultura".