Morreu B.B. King, lenda da guitarra e ícone dos Blues

O guitarrista norte-americano B.B. King, figura maior dos Blues e influência incontornável para várias gerações de músicos, morreu na última noite em Las Vegas. Tinha 89 anos.

Carlos Santos Neves - RTP /
Valentin Flauraud, Reuters

Eric Clapton, Stevie Ray Vaughan ou Jeff Beck são apenas três dos nomes tributários da influência de B.B. King, o gigante negro dos Blues nascido com o nome de Riley B. King a 17 de setembro de 1925, perto de Itta Bena, no segregado Mississippi.

B.B. King sofria de diabetes tipo 2, doença que lhe fora diagnosticada na década de 80. Em abril chegou a estar hospitalizado por desidratação.



O guitarrista e cantor de Blues, para muitos o “rei” desta expressão musical de raiz afro-americana, que brotou dos campos de algodão do sul dos Estados Unidos, sobreviveu a outros nomes lendários do pós-II Guerra, entre os quais Muddy Waters, Howlin’ Wolf, Lightnin’ Hopkins ou John Lee Hooker.
“Duaz vezes negro”

A longa carreira de B.B. King transportou-o dos pequenos bares negros, entre os anos de 1940 e 1950, até ao histórico concerto de Blues no Carnegie Hall de Nova Iorque, em 1970, para culminar em colaborações transversais na década de 90. As gravações com os U2 são disso exemplo.
A notícia da morte de B.B. King foi avançada na noite de quinta-feira pelo jornal Los Angeles Times, a partir de um depoimento do advogado do músico.


Era, por vezes, excessivamente humilde, quando lhe pediam que descrevesse a sua técnica. Dizia ter “dedos estúpidos”. Mas o vibrato que extraía da sua icónica Gibson negra, batizada de Lucille - depois de um episódio de violência num bar que envolveu uma mulher com o mesmo nome -, era imediatamente reconhecível. B.B King chamava a este som distinto “a borboleta”.

“Ser um cantor de Blues é como ser duas vezes negro”, desabafava na autobiografia Blues All Around Me, editada em 1996. “Enquanto o movimento dos direitos civis lutava pelo respeito pelos negros, eu senti que estava a lutar por respeito pelos Blues”.
“The Thrill is Gone”
King recebeu em 1990 a Medalha Nacional das Artes das mãos do Presidente George Bush. Outro Bush, George W., distingui-lo-ia em 2006 com a Medalha Presidencial da Liberdade.

A voz de The Thrill is Gone foi incansável ao longo de décadas. Um B.B. King septuagenário ainda dava, em média, duas centenas de concertos por ano – em 1956 terá atuado por 342 vezes.



Em 2003, ficou em terceiro lugar na lista dos 100 melhores guitarristas de todos os tempos da revista Rolling Stone. Atrás de Jimi Hendrix e Duane Allman.

“Quando canto, toco na minha mente. Quando paro de cantar oralmente, começo a cantar ao tocar a Lucille”, explicou um dia. 
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