Morreu Brigitte Bardot

Brigitte Bardot tinha 91 anos. A atriz popularizou o cinema francês em todo o mundo.

RTP /
Foto: via AFP

Com "E Deus criou a mulher" o cinema francês produziu uma das maiores estrelas de cinema do mundo.

O filme de 1956 foi censurado em vários países e alguns Estados norte-americanos pela sexualidade explícita.
Brigitte Bardot foi símbolo de libertação sexual, da emancipação da mulher, rebelde, musa da nouvelle vague e ícone da sétima arte.

Bardot teve também uma carreira na música. A colaboração com Serge Gainsbourg foi um dos momentos mais marcantes.

Participou em 47 filmes em pouco mais de duas décadas. Pouco antes de celebrar os 40 anos deixou tudo e dedicou-se à primeira paixão: os direitos dos animais.

A morte da atriz foi já confirmada pela Fundação Brigitte Bardot, que anunciou ser com enorme tristeza que comunica a morte da sua fundadora e presidente.

De acordo com a fundação, a atriz francesa morreu durante a manhã deste domingo na sua residência La Madrague, em Saint-Tropez, sul de França.
Estreia aos 15 anos

Nascida a 28 de setembro de 1934 em Paris, França, numa família da alta burguesia, Brigitte Bardot demonstrou desde muito jovem interesse pelas artes, tendo começado a praticar balet no Conservatório de Paris, o que mais tarde a ajudaria na sua carreira artística.

Aos 15 anos, posou para a capa da revista Elle, marcando o início da sua trajetória pública.

A sua carreira no cinema começou em 1952, com um pequeno papel em "Le trou normand", mas foi em 1956, com o filme "E Deus... criou a mulher", realizado pelo seu então marido Roger Vadim, que a transformou numa sensação global e num dos primeiros grandes ícones sexuais do cinema europeu, que a sua carreira explodiu internacionalmente.

Foi a partir daí que passou a ser considerada uma das mulheres mais sensuais do século XX, tendo dado origem à expressão "E Deus criou a mulher... mas o diabo inventou Brigitte Bardot", que ficaria conhecida também apenas pelas suas iniciais, BB.

Nos anos seguintes, tornou-se presença constante no grande ecrã, participando em dezenas de filmes notáveis dos anos 1960, como "A verdade" (1962), de Henri-Georges Clouzot, "O desprezo" (1963), um dos mais emblemáticos da Nouvelle Vague, realizado por Jean-Luc Godart, e "Viva Maria!" (1965), de Louis Malle, que consolidaram a sua reputação artística e notoriedade internacional.

Ao longo da sua carreira musical, gravou cerca de 24 discos, incluindo o álbum "BB" com Serge Gainsbourg, no qual podemos ouvir sucessos como "Bonnie & Clyde" e "Comic Strip".

Participou ainda na gravação original de "Je t'aime... moi non plus", embora a versão mais conhecida seja a de Jane Birkin (1968).

Brigitte Bardot teve ainda reconhecimento literário, inspirando intelectuais como Simone de Beauvoir, que comentou a sua presença marcante e sensualidade.
Retiro após meia centena de filmes

Sentindo-se cada vez mais desconfortável com a fama e a imagem pública que carregava, Brigitte Bardot retirou-se do cinema em 1973, aos 39 anos, após uma carreira de mais de duas décadas com quase 50 filmes no currículo.

Após o seu afastamento, Brigitte Bardot dedicou-se de forma intensa à defesa dos direitos dos animais, tornou-se vegetariana e, em 1986, criou a Fundação Brigitte Bardot para o Bem-Estar e Proteção dos Animais, com o objetivo de lutar contra a crueldade animal em várias frentes, desde a caça de focas à defesa de animais de companhia e campanhas contra práticas que considerava cruéis.

Dona de uma vida pessoal conturbada, Brigitte Bardot casou-se quatro vezes e teve um filho com o ator Jacques Charrier, sobreviveu a várias tentativas de suicídio e a dois abortos voluntários, sendo um deles quase fatal.

Ao longo da vida, também se envolveu em polémicas, nomeadamente por declarações políticas controversas que a levaram a ser multada por incitamento ao ódio racial em França.

Brigitte Bardot ficou para sempre na história do cinema não apenas como atriz, mas como símbolo cultural de uma nova forma de expressar feminilidade e sensualidade nas décadas de 1950 e 1960.

c/ Lusa
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