Morreu Eduardo Gageiro, fotojornalista do 25 de Abril e da realidade portuguesa

O fotojornalista Eduardo Gageiro, conhecido por imagens históricas captadas na Revolução do 25 de Abril, morreu durante a madrugada desta quarta-feira, em Lisboa, aos 90 anos.

RTP /
José Sena Goulão - Lusa

Eduardo Gageiro morreu esta madrugada no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, "em paz, rodeado pela família, com todo o carinho e conforto", adiantou Afonso Gageiro, neto do fotojornalista, em declarações à agência Lusa. 

Gageiro organizou a sua derradeira exposição, "Pela Lente da Liberdade", inaugurada a 25 de Abril, na Galeria Municipal de Torres Vedras.

Nascido em Sacavém, em 1935, Gageiro, que completou 90 anos em fevereiro, deixa um vasto arquivo de uma obra de décadas que ilustra realidades políticas, sociais e culturais do país, modos de vida e personalidades diversas, num registo histórico desde a década de 1950 até à atualidade.

Eduardo Gageiro foi um dos primeiros fotojornalistas a chegar aos cenários do 25 de Abril, fixando as imagens do encontro dos militares no Terreiro do Paço, o assalto à sede da PIDE, a polícia política da ditadura, e o momento em que o capitão Salgueiro Maia percebeu que a queda da ditadura era inevitável e a revolução triunfara.Começou a sua atividade de repórter fotográfico em 1957 no Diário Ilustrado (1956), e a partir daí dedicou toda a sua vida ao fotojornalismo.

Foi colaborador das principiais publicações portuguesas e estrangeiras e da Presidência da República. Tem trabalhos reproduzidos em todo o mundo, com os quais ganhou mais de 300 prémios.

Durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, Eduardo Gageiro foi o primeiro fotógrafo do mundo a captar a imagem dos terroristas que sequestraram os atletas israelitas da aldeia olímpica. 

O seu trabalho abrangeu também a Companhia Nacional de Bailado, a Assembleia da República e a Presidência da República, a editora alemã Deustche Gramophone e companhias internacionais como a Yamaha e a Cartier.

Eduardo Gageiro foi condecorado como comendador da Ordem do Infante D. Henrique e cavaleiro da Ordem de Leopoldo II, da Bélgica.

Entre as distinções da sua carreira, conta-se o World Press Photo em 1975.

Foi nomeado "membro de honra" do Fotokluba Riga (ex-URSS), do Fotoclube Natron e da Novi Sad (ex-Jugoslávia), da Osterreichisdhe Fur Photographie, da Áustria, e recebeu o prémio de excelência da Fédération Internationale de l'art Photographique (FIAP), em Berna, na Suíça.

No II Congresso Internacional de Repórteres Fotográficos, realizado em S. Paulo, Brasil, em 1966, foi nomeado vice-presidente da organização.

Mestre Fotógrafo Honorário da Associação de Fotógrafos Profissionais desde 2009, é o único português com uma fotografia em exposição permanente na Casa da História Europeia, em Bruxelas, desde 2014, indica a sua biografia.


No início deste ano, a Câmara Municipal de Torres Vedras adquiriu o acervo do fotógrafo, que já se mantinha à sua guarda e conservação.

A exposição "Pela Lente da Liberdade" parte desse acervo. Pode ser vista até 13 de setembro na Galeria Municipal de Torres Vedras.. 

c/ Lusa

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