Morreu humorista brasileiro Jô Soares

por RTP
O humorista foi o rosto de vários programas de humor no Brasil, transmitidos em Portugal pela RTP. Facebook

Morreu Jô Soares, aos 84 anos. O conhecido humorista brasileiro encontrava-se internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para tratar uma pneumonia.

"Faleceu há alguns minutos o ator, humorista, diretor e escritor Jô Soares. Nos deixou no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, cercado de amor e cuidados", lê-se na mensagem publicada no Instagram pela ex-mulher Flávia Pedras.

A causa da morte de Jô Soares, já confirmada pela família, não foi divulgada. O enterro e velório serão reservados à família e amigos, segundo o portal brasileiro de notícias G1.

"Agradeço aos senhores Tempo e Espaço, por terem me dado a sorte de deixar nossas vidas se cruzarem. Obrigada pelas risadas de dar asma, por nossas casas do meu jeito, pelas viagens aos lugares mais chiques e mais mequetrefes, pela quantidade de filmes, que você achava uma sorte eu não lembrar pra ver de novo, e pela quantidade indecente de sorvete que a gente tomou assistindo. Obrigada para sempre, pelas alegrias e também pelos sofrimentos que nos causamos. Até esses nos fizeram mais e melhores", escreveu a ex-mulher do artista brasileiro na rede social Instagram.


O humorista foi o rosto de vários programas de humor no Brasil, transmitidos em Portugal pela RTP. O Programa do Jô, na TV Globo, foi o formato mais conhecido, tendo estado no ar entre 2000 e 2016.

Para além de humorista, Jô Soares foi também entrevistador, ator, escritor, dramaturgo, diretor, roteirista e pintor. Foi com o humor que iniciou carreira no teatro, televisão e cinema, assim como nas artes plásticas e na literatura.

“Tudo o que fiz, tudo o que faço, sempre tem como base o humor. Desde que nasci, desde sempre”, chegou a afirmar o brasileiro numa entrevista ao site Memória Globo.

Na televisão, participou em programas como “A família Trapo” (1966), “Planeta dos homens” (1977) e “Viva o Gordo” (1981). Escreveu cinco livros, atuou em 22 filmes e é considerado por muitos como pioneiro do stand-up no Brasil.
“Uma profissão de vitrine de exibidos”
José Eugênio Soares nasceu no Rio de Janeiro a 16 de janeiro de 1938. Aos 12 anos foi estudar para a Suíça, onde ficou até aos 17. Foi lá que começou a interessar-se pelo teatro e cinema.
“Eu pensei que ia seguir a carreira diplomática”, contou em tempos ao Memória Globo. “Mas sempre ia ao teatro, sempre ia assistir a shows, ia para a coxia ver como era. E já inventava números de sátira do cinema americano; fazia a dança com os sapatinhos que eu calçava nos dedos”.

Na altura, admitiu ainda ser “muito vaidoso”. “Nunca escondi isso. Qual é o artista que não é vaidoso? Todos. É uma profissão de vitrine de exibidos. Você nasce querendo seduzir o mundo”, referiu.

Na última publicação na sua página oficial na rede Twitter, datada de quinta-feira, Jô Soares escreveu: "Não é necessário mostrar beleza aos cegos, nem dizer verdade aos surdos. Mas não minta para quem te escuta e nem decepcione os olhos de quem te admira".
Marcelo apresenta condolências
O presidente português já reagiu à morte do humorista brasileiro.

“Os seus sketches ficaram famosos, algumas expressões entraram mesmo na linguagem corrente, fez-nos rir e pensar durante anos, um grande obrigado a Jô Soares, que hoje saiu de cena, mas não dos nossos corações, nem das nossas memórias”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa”.

“À família e amigos, o presidente da República apresenta sinceras condolências”.

Júlio Isidro, uma das principais figuras da televisão portuguesa, considerou Jô Soares “o exemplo acabado de como o humor pode ser, independentemente de tudo, uma fonte de cultura”.

“Jô Soares era um homem de uma vastíssima cultura, porque era escritor e com obra feita, diretor teatral, diretor de cinema, guionista, ator, intérprete e, sobretudo, um observador extraordinário do mundo que estava à sua volta”, recordou em declarações à RTP.

Júlio Isidro lembrou ainda a amizade de Jô Soares com Raúl Solnado e Nicolau Breyner.
Gregório Duvivier recorda “talento infinito” de Jô Soares
O humorista brasileiro Gregório Duvivier recorda Jô Soares como um “humorista no sentido vasto da palavra”, que “entendia o humor como algo que podia ser manifestado das mais diferentes formas”.

“Era um sujeito de um talento infinito, enorme. Acho que perdemos não só um humorista, mas muitas coisas hoje. Perdemos um excelente entrevistador, um grande tradutor, um grande diretor de peças de teatro”, lamentou.

Duvivier falou à RTP num artista “muito inovador no seu tempo, que marcou muito todo o mundo que o assistiu”.
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