Morreu o arquiteto Fernando Batalha, investigador do urbanismo de Angola
Lisboa, 23 mai (Lusa) - O arquiteto Fernando Batalha, 104 anos, responsável pelo inventário do património arquitetónico de Angola após a independência, morreu hoje, em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da Academia Nacional de Belas Artes, de que era membro.
Nascido no Redondo, Alentejo, a 05 de maio de 1908, Fernando Batalha fez o curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes de Lisboa, atual Faculdade de Arquitetura, especializando-se em Urbanismo, em Paris.
Fixado em Angola em 1935, manteve-se em África até aos 83 anos, integrando gabinetes de arquitetura e urbanismo e expandindo a atividade à investigação nas áreas da etnografia, história e arqueologia.
Em 2008, quando completou cem anos, publicou o seu último livro, "Povoações Históricas de Angola", resultado dos anos de investigação, no país. Na altura, foi homenageado pela Academia Nacional de Belas Artes.
Fernando Batalha fez os planos do pavilhão principal da Exposição-Feira de Angola, em 1938, concluiu o Palácio do Comércio e assinou o projeto original do Grande Hotel, em Luanda, cuja construção seria proibida pelo ministro das Colónias de então, Vieira Machado, pelas "linhas demasiado modernas" que se propunham.
A reconstrução do Palácio do Governo de Benguela, o Grande Hotel de Angola e o cinema Monumental, na cidade, assim como do Mercado Municipal de Huambo são outros projetos da autoria de Fernando Batalha.
Publicou, entre outras obras, "Urbanização de Angola" (1950), "Em Defesa da Vila do Dondo" (1963) e "Em Defesa do Património Histórico e Tradicional de Angola" (1963).
O corpo de Fernando Batalha fica, a partir de hoje à noite, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, onde se realizará o velório, e o funeral realiza-se na quinta-feira, em hora ainda a definir, segundo a Academia Nacional das Belas Artes.