Morreu o arquiteto Frank Gehry

O arquiteto americano-canadiano Frank Gehry, um dos maiores da sua geração, morreu esta sexta-feira aos 96 anos.

RTP /
Foto: Mike Blake - Reuters

(em atualização)

Frank Gehry foi o autor de edifícios célebres, nomeadamente o Museu Guggenheim de Bilbau, a Sala de Concertos Walt Disney, em Los Angeles, a Fundação Louis Vuitton, em Paris, ou a Casa Dançante, em Praga. É apontado como um dos grandes nomes da arquitetura no século XXI pelo papel inovador ao trespassar as fronteiras entre arquitetura e arte, mas também pelo desconstrutivismo das suas criações. 

Num documentário gravado em 2018, Frank Gehry contava como a experiência de estar junto de uma obra de arte - a Auriga de Delfos, na Grécia - impactou a sua visão da arquitetura.

"Estava perante uma estátua (...) que me fez chorar. E eu pensei: 'É isto que um arquiteto deve conseguir fazer'. Conseguir uma resposta emotiva através do seu trabalho que dure séculos. É isso que eu tento fazer. Sei que é muito pomposo, mas pelo menos é um desejo, uma esperança", confessou. 

Frank Owen Goldberg nasceu em Toronto a 28 de fevereiro de 1929 no seio de uma família judia. No final dos anos 40, a família do futuro arquiteto emigrou para os Estados Unidos. 

Estudou arquitetura na Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, tendo concluído os estudos em 1954. Nessa altura, mudou o último nome para Gehry, com o objetivo de se proteger do antissemitismo. "A minha ex-mulher estava preocupada com o antisemitismo e achava que soava menos judeu", contou numa entrevista em 2022. 

No ano seguinte, em 1955, alistou-se no exército norte-americano ao mesmo tempo que estudava planeamento urbanístico na Universidade de Harvard. 

Na arquitetura, a sua carreira iniciou-se no escritório de Victor Gruen, visto como um pioneiro na projeção de centros comerciais nos Estados Unidos. Mudou-se depois para Paris, em 1961, onde trabalhou com André Remondet. De volta aos Estados Unidos, abriu o seu próprio escritório no ano seguinte. 

Só na década seguinte, em 1972, ganhou destaque a nível nacional ao lançar uma linha icónica de mobiliário, a Easy Edges. Em 1974, Frank Gehry é eleito membro do Colégio do Instituto Americano de Arquitetos. 

O papel cada vez mais relevante na Califórnia dos anos 70 e 80 culminou com a conquista em 1989 da distinção mais relevante no mundo da arquitetura: o Prémio Pritzker. 

Uma das obras mais célebres deste período é a própria casa de Gehry em Santa Mónica, na Califórnia, que se destaca desde logo pela originalidade do telhado. 

Já nos anos 90, o Museu Guggenheim de Bilbau trouxe aclamação mundial ao arquiteto. Na altura, o colega norte-americano Philip Johnson chamou-lhe "o edifício mais importante do nosso tempo". 
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