Museu da Chapelaria recebe chapéus de filmes, alta-costura e até um acampamento
O Museu da Chapelaria anunciou hoje que em 2019 irá acolher nesse equipamento de São João da Madeira uma exposição de chapéus de alta-costura, outra sobre idênticos adereços para cinema e ainda um acampamento noturno para jovens.
Além das referidas exposições sobre a obra das designers Marianne Jongkind e Araceli Sancho, a programação do museu prevê ainda masterclasses e mesas-redondas com essas duas criadoras, visitas temáticas com antigos operários da indústria chapeleira, visitas noturnas gratuitas, workshops de feltragem, ações ludo-pedagógicas para o público infantojuvenil e ainda a criação de um banco de imagens antigas exibindo chapéus, com recurso a fotografias cedidas pelo público em geral.
"O nosso centro de documentação desafia a comunidade a procurar nos seus álbuns de família as fotografias em que o chapéu esteja presente e a partilhar connosco todas as histórias que se escondem sob cada imagem, para depois também as partilharmos nós com o público", revela à Lusa a diretora do Museu da Chapelaria, Joana Galhano.
Os destaques da programação vão, ainda assim, para as mostras temporárias, a começar pela da valenciana Araceli Sancho, que, entre 18 de maio e 29 de setembro, dará a conhecer no museu vários chapéus e toucados criados para recriações históricas, artes cénicas e cinema.
Tendo trabalhado com "grandes nomes da chapelaria como Biliana Borissova, Lisa Stein, Eugenie van Oishtroch, Jane Stoddard e Maor Zabar", e também com designers de figurino e moda como Yvonne Blake, Lena Mossum e Pierre Yves Gayraud, a criadora espanhola vem-se afirmando desde 2016 pelas suas criações para o guarda-roupa de "importantes produções de cinema, ópera e televisão".
Joana Galhano acrescenta ainda que Araceli Sancho "colabora regularmente com designers de moda como Elena Soriano e Cristina Farras" e integra "a equipa de figurino da Fundação Bodas de Isabel", responsável pela dinamização de várias recriações históricas na região espanhola de Teruel.
Já no que se refere à holandesa Marianne Tongkind, que de 11 de outubro a 3 de maio de 2020 trará a São João da Madeira a sua primeira exposição em Portugal, a mostra vai reunir 50 chapéus de alta-costura descritos pela diretora do museu como "belíssimos e extravagantes".
Joana Galhano realça, aliás, que, enquanto "dona de um estilo muito peculiar, Marianne Jongkind se destaca pelo uso de linhas elegantes e formas excentricamente volumosas e quase geométricas, que remetem para uma das suas fontes de inspiração prediletas: a arquitetura".
A designer começou a trabalhar em chapelaria aos 16 anos de idade e, em 1967, "contrariou a crescente tendência para o desuso do chapéu ao abrir o seu próprio ateliê", dedicando-se aí à produção de chapéus e toucados para clientes particulares, lojas de noiva e peças de teatro.
Em 1985, estreou-se na produção de peças "para uma nova geração de jovens designers de alta-costura, como Frank Govers, Edgar Vos, Truus Stuiver of Cappello, Frans Molenaar, Mart Visser, Frans Hoogendoorn, Ronald Kolk e Monique Colignon", e em 2002 recebeu da rainha Beatriz da Holanda o título de Cavaleira da Ordem de Orange-Nassau. Desde 2016 trabalha em exclusivo com Ronald van der Kemp e os seus desfiles de moda em Paris.
Quanto ao acampamento no Museu da Chapelaria, irá decorrer na noite de 05 para 06 de julho, é dirigido a jovens dos seis aos 14 anos de idade e propõe diversas atividades para ocupação desse público num formato inusual de contacto com a cultura - "sempre no interior do edifício e sob o acompanhamento permanente da equipa da casa".
Segue-se, em agosto, uma série de visitas noturnas gratuitas ao museu e, do dia 13 desse mês até 26 de janeiro de 2020, uma outra exposição sobre "Os chapéus sanjoanenses", nomeadamente sobre a produção de marcas de referência do concelho como a Joanino, EICHAP, Elmo, Guerreiros, Viarco, Globo, Águia e Dallas.
"Essas marcas cobriram cobriram milhares de cabeças de homens, mulheres e crianças, não só portuguesas como estrangeiras, e a exposição apresentará alguns dos modelos mais emblemáticos criados pela mão dos laboriosos e talentosos chapeleiros sanjoanenses", conclui Joana Galhano.