Museu de Sines reabre na histórica Capela da Misericórdia

O tesouro fenício do Gaio, formado por adornos femininos, e um conjunto raro de cantarias visigóticas são dois dos destaques do espólio do Museu de Sines, que reabre terça-feira na Capela da Misericórdia, foi hoje divulgado.

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Segundo o município de Sines, a cerimónia que assinala a reabertura do museu na Capela da Misericórdia, construída no século XVI, está marcada para as 19:00 de terça-feira.

O Museu de Sines integra um espólio proveniente do Museu Arqueológico Municipal, do Museu de História Natural e da doação de José Miguel da Costa (fundador do Museu Arqueológico e falecido em 2005).

O espaço que acolhe, a partir de agora, aquele equipamento cultural permitirá, de acordo com o município, mostrar as "peças mais significativas" dessas colecções, enquanto decorre, até 2009, a recuperação e adaptação do Castelo para funções museológicas e Casa Vasco da Gama.

O andamento desses mesmos trabalhos também vai poder ser acompanhado na Capela da Misericórdia, onde estará patente uma das telas dos tectos da Alcáçova do Castelo, devidamente restaurada, assim como peças de escavações recentes, nomeadamente "algumas pedras da época visigótica que nunca foram mostradas ao público".

"Durante os últimos anos, a autarquia tem procedido ao estudo, conservação e restauro das suas colecções, tendo já sido intervencionadas dezenas de peças cujo estado de degradação inspirava cuidados", pode ler-se no comunicado.

Os visitantes do museu vão poder ver uma selecção de peças que atesta a "profunda relação de Sines com o mar", não só em termos económicos, como a pesca e a conserva do pescado, mas também ao nível das trocas comerciais e culturais, com objectos de localizações geográficas diversas.

Um desses destaques é o Tesouro do Gaio, datado do século VII A.C. e descoberto numa sepultura na Herdade do Gaio, tendo sido classificado como de "Interesse Público".

Trata-se de um conjunto de adornos femininos, formado por peças em ouro, pasta de vidro, âmbar, cornalina, prata, entre outros materiais, que constitui "um dos mais significativos testemunhos portugueses do comércio fenício".

O município aponta também uma das "mais vastas e ricas" colecções de cantarias lavradas da antiguidade tardia como sendo outro "conjunto fundamental" do espólio do museu,

O "Livro de São Torpes" (1746), que narra a história do mártir romano cujo corpo terá dado à costa na praia local do mesmo nome, cerâmicas da necrópole da Provença (Idade do Bronze), um conjunto de cepos de âncora romanos, recuperados no mar em 1967 na zona de Sines, e obras de arte de Hemmérico Nunes, Nikias Skapinakis, Júlio Pomar e Graça Morais são outros dos destaques.

O projecto do museu, que irá extravasar as muralhas do Castelo, prevê que este constitua o "ponto de partida para compreender e visitar todo o concelho", interligando-o com as estações arqueológicas, explica o município, que pretende instalar painéis informativos e editar um guia.

Ao mesmo tempo, o museu continua a completar as suas colecções, sobretudo no que respeita à memória do século XX, contando já com a doação dos móveis e do revestimento de azulejos da mercearia "A Portuguesa", da pintura mural da antiga estação da rodoviária e de diversos objectos ligados à pesca.

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