"Novo canto português" é um álbum "contra a corrente" , segundo o seu autor, Pedro Brito

Lisboa, 30 Mar (Lusa) - O segundo álbum "Novo canto português", um projecto do músico Pedro Brito, que na década de 1980 assinou composições das Doce, Vítor Espadinha e Simone de Oliveira, entre outros, é editado na próxima semana.

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"Este álbum vem contra a corrente mas segue numa direcção e faz parte da pequena ambição de regressar ao que é o nosso mercado tradicional da música", disse à agência Lusa Pedro Brito, que assina as músicas das 11 faixas que compõem o CD, entre instrumentais e temas cantados por Diogo Tavares.

O mercado passa pelos países lusófonos, explicou o músico, que planeia editar o terceiro álbum "a partir de Angola".

Pedro Brito, que contou neste projecto com "o valiosíssimo apoio" de Ramon Galarza, afirmou que assume "a plena autoria e controlo do projecto".

"Fui eu - frisou - quem escolhi os poemas, a voz, os músicos, alguns deles meus amigos como o Rui Veloso", que, com harmónica, tem uma "participação especial" em "Serrat".

Outra participação especial é a do guitarrista Pedro Jóia, que Pedro Brito considera "o melhor guitarrista clássico" e que projecta incluir no próximo álbum. "Não podia ter melhor", assegurou.

Jóia abre o CD com "Água", um instrumental "inspirado" em Carlos Paredes, cujas composições "são sempre actuais, hoje ou no futuro", tal como os poetas que escolheu, José Régio, Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa.

As escolhas foram "Cântico negro", de Régio, "Quase", de Sá Carneiro, e "Sino da minha aldeia", de Pessoa.

A este trio juntam-se Vitorino Nemésio, autor de "Cantigas à minha viola", que aliás é o subtítulo deste álbum, e ainda dois amigos seus já falecidos, João Fezas Vital e Carlos Paião.

"Achei que devia fazer esta homenagens a dois amigos meus, editando agora dois inéditos seus, `Menino de Abril` de Fezas Vital e `Tempo` de Paião", disse.

"Outro poeta é António Botto, um poeta mal visto, de quem escolhi `A vida que te dei`", acrescentou.

Pedro Brito assina também um poema, intitulado "Perto ou longe".

Explicando o conceito do álbum, disse que "a renovação passa por ir buscando aquilo que será eterno e que nos identifica, acrescentando algo de novo".

Quanto à sonoridade, "é aquilo que consigo exprimir, dentro de uma matriz portuguesa", explicou.

A voz, Diogo Tavares, foi uma escolha de Brito, apresentado por Galarza e que encaixou nos parâmetros que o músico pretendia: "boa voz, pouco conhecido mas com protagonismo suficiente para dar continuidade ao projecto".

Como antecedentes, Diogo Tavares tem uma vitória num concurso televisivo de novos talentos, aos 17 anos, e um disco editado.

Reconhecendo que este álbum "sai dos circuitos habituais" atesta que "é um projecto para o futuro".

NL.

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