Novo CD de Lenita Gentil editado esta semana

por Agência LUSA

A fadista Lenita Gentil lança esta semana o seu novo álbum, "Outro lado do fado", que inclui temas inéditos, nomeadamente de Mário de Sá-Carneiro, adaptados a músicas do fado tradicional, e temas criados por Amália Rodrigues.

"Versos de amor", de Sá-Carneiro, é um dos inéditos que Lenita Gentil canta com música de Marques do Amaral.

Outro dos inéditos tem a assinatura de António Rocha, "Findar em teus braços", na música do fado Andaluz de autoria de Jaime Tiago dos Santos.

Do repertório de Amália recupera dois temas, "Maldição" (David Mourão-Ferreira/Alfredo Marceneiro) e "Fria Claridade" de Pedro Homem de Mello, que Lenita Gentil interpreta na música do fado Mouraria, e não na sua música original de José Marques do Amaral.

Para o estudioso de fado Luís de Castro "este é um dos melhores discos de fado tradicional, editado este ano".

Em declarações à agência Lusa, Luís de Castro salientou que "Lenita surge com um grande fulgor e com a capacidade de interpretação que é, aliás, seu apanágio".

"Senhora de uma voz potente e bonita, Lenita não cede neste CD à tentação de um registo apenas de voz mas molda-a a uma interpretação sentida e pungente".

Luís de Castro, membro do grupo de consultores da candidatura do fado a património da Humanidade, referiu a utilização de músicas tradicionais como o fado Vitória ou o fado Andaluz para letras novas, "sem em nada desvirtuar e, pelo contrário, demonstrando como se pode inovar a tradição reinventando-a liricamente".

Na música do fado Vitória, de autoria de Joaquim Campos, Lenita Gentil interpreta "Sou livre" de António Luís Portugal.

Neste álbum, editado pela Ovação, Lenita Gentil é acompanhada por Fernando Silva (guitarra portuguesa), Jaimes Santos (viola) e Joel Pina (viola-baixo).

Lenita Gentil, com uma carreira de 35 anos, foi das primeiras cançonetistas a gravar fado atraída pela sonoridade da guitarra portuguesa, como afirmou à Lusa.

Luís de Castro considerou por seu turno que Lenita Gentil "soube imprimir ao fado uma dinâmica própria e pessoalíssima, recriando fados conhecidos, soube sempre dar-lhes a sua interpretação sem nunca imitar ninguém".

"A versatilidade e potencialidade da voz de Lenita permite-lhe abordar, tanto o fado, como a canção coimbrã e a ligeira, e neste CD afirma-se plenamente como uma grande fadista", rematou.

Em Julho passado, a Movieplay Portuguesa revisitou a carreira da intérprete com a edição em duplo CD de alguns dos seus êxitos.

Natural da Marinha Grande, Lenita Gentil iniciou a sua carreira aos 16 anos aos microfones dos Emissores Reunidos do Norte, no Porto, pela mão do maestro Resende Dias.

Participou em vários festivais, tanto nacionais como estrangeiros, designadamente da Figueira da Foz, que venceu em 1967, o da RTP (em 1971 e 1989), de Aranda del Duero (que venceu em 1966 e 1968), México, Polónia, Roménia e nas Olimpíadas da Canção na Grécia, onde recebeu o Prémio da Crítica.

Em 1968 ganhou o Óscar da Imprensa, no mesmo ano em que venceu o Festival da Canção da Costa Verde, que se realizava no Casino de Espinho.

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