Nuno Teotónio Pereira: Ordem sublinha legado do arquiteto e cidadão

Lisboa, 20 jan (Lusa) - O presidente da Ordem dos Arquitetos, João Santa-Rita, sublinhou, em declarações à agência Lusa, o legado deixado por Nuno Teotónio Pereira, hoje falecido aos 93 anos, "enquanto arquiteto, cidadão, lisboeta e amigo".

Lusa /

Uma das mais destacadas figuras da arquitetura, habitação e urbanismo em Portugal, Nuno Teotónio Pereira, morreu em casa, rodeado pela família, cerca do meio-dia.

"Foi mais do que um arquiteto, foi um grande homem. Deixa-nos uma obra enquanto arquiteto, enquanto cidadão, lisboeta e amigo. São coisas que vão muito além daquilo que é a produção enquanto artista", acrescentou João Santa-Rita.

Nascido em Lisboa, em 1922, Nuno Teotónio Pereira formou-se em arquitetura pela Escola de Belas Artes de Lisboa, foi autor e coautor de dezenas de projetos e também um histórico defensor de direitos cívicos e políticos durante o regime salazarista.

"Acreditou nas suas ideias e lutou por elas. Acreditou que a arquitetura se faz com uma grande partilha de trabalho e de saber. O seu atelier foi uma importantíssima escola para várias gerações", acrescentou o presidente da Ordem dos Arquitetos.

Em abril de 2015, Nuno Teotónio Pereira foi distinguido com o Prémio Universidade de Lisboa 2015, pelo exercício "brilhante" na área da arquitetura e como "figura ética".

São da sua autoria - ou em coautoria com arquitetos como Nuno Portas, Bartolomeu Costa Cabral e João Braula Reis - o Bloco das Águas Livres, classificado em 2012 como monumento de interesse público, a Torre de Habitação Social nos Olivais Norte, o chamado Edifício "Franjinhas" e a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, projetos realizados em Lisboa, distinguidos com Prémios Valmor.

Teotónio Pereira foi um dos arquitetos pioneiros na área da habitação social, tendo projetado não só para a capital portuguesa, mas também para Braga, Castelo Branco, Póvoa de Santa Iria, Barcelos e Vila Nova de Famalicão, nos anos de 1950 a 1970.

Entre 1948 a 1972, foi consultor de Habitações Económicas na Federação das Caixas de Previdência, tendo realizado o primeiro concurso para habitações de renda controlada.

Foi galardoado com o 2.º Prémio Nacional de Arquitetura da Fundação Calouste Gulbenkian (1961), pelo Edifício das Águas Livres, e Prémios Valmor para a Torre de Habitação nos Olivais Norte (1967), Edifício Franjinhas (1971) e Igreja do Sagrado Coração de Jesus (1975).

Era membro honorário da Ordem dos Arquitetos, desde 1994, e Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (2003) e pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa (2005).

AG // MAG

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