"O Diabo a Quatro", da brasileira Alice Andrade, estreia em Portugal
"O Diabo a Quatro", um filme que trata das mazelas sociais do Brasil, segundo a realizadora Alice de Andrade, estreia quinta-feira em Portugal, depois de ter sido exibido em salas brasileiras e francesas.
O filme, uma co-produção luso-franco-brasileira de 2004, decorre entre o Brasil rural e o bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde quatro personag ens (dois homens, uma mulher e um rapaz) se cruzam e se tornam amigos.
Esta é a primeira longa-metragem de Alice de Andrade, 41 anos, filha do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, um dos nomes do Cinema Novo brasileiro (anos sessenta), que será homenageado a título póstumo no próximo festival de Veneza com uma retrospectiva da sua obra.
O argumento foi escrito também por Alice de Andrade e inspirado em hist órias reais, tendo exigido trabalho de pesquisa com meninos de rua, com prostitu tas e com mendigos.
"É um filme para que se olhe e se discuta os problemas sociais, mas sem ser moralista", contou à Lusa a realizadora brasileira.
Em França, a obra obteve criticas excelentes, mas no Brasil uns gostara m mais, outros menos, explicou.
O filme foi rodado durante oito semanas no Rio de Janeiro e 10 dias em Minas Gerais, mas a pós-produção demorou um ano, indicou Alice de Andrade.
Num elenco de 70 actores, apenas seis são conhecidos.
"Muitos são actores de grupos de periferia e de favela o que dá mais ve racidade" ao filme, no entender de Alice de Andrade.
Uma das actrizes principais, Maria Flor, estreou-se nesta obra, tendo d esde então participado nas telenovelas Malhação, Cabocla e Belíssima e em dois o utros filmes brasileiros.
A jornalista Marília Gabriela, conhecida da televisão brasileira, tem n o filme a sua quarta participação no cinema, e o veterano Ney Latorraca é outro dos actores.
Com uma duração de uma hora e 45 minutos, "O Diabo a Quatro" custou men os de um milhão de euros e teve participação portuguesa através do ICAM (Institu to do Cinema, Audiovisual e Multimédia).
Alice de Andrade tem uma longa carreira como assistente de realização, tendo trabalhado com cineastas como John Boorman, Ruy Guerra, Murilo Sales, Walt er Lima júnior e André Téchiné.
Formou-se como argumentista em Cuba na Escuela Internacional de Cine e Television e ganhou vários prémios por documentários e curtas-metragens que escr eveu e dirigiu.