Obra sobre "A casa senhorial em Portugal" apresentada em Lisboa

Lisboa, 12 dez (Lusa) -- A "casa senhorial" apresenta-se como uma estrutura simbólica de representação do poder de uma família e da sua hierarquia na sociedade, afirma o arquiteto Hélder Carita em "A casa senhorial em Portugal", obra que é apresentada na quarta-feira, em Lisboa.

Lusa /

A obra "A casa senhorial em Portugal -- Modelos, Tipologias, Programas Interiores e Equipamento", de Hélder Carita, com fotografias de António Homem Cardoso, é apresentada na quarta-feira, às 18:30, no Palácio dos Marqueses de Fronteira, em Lisboa.

"Mais que simples habitat, a casa senhorial, nas variadas formas e modelos que vai assumindo, como paço, casa-torre, palácio urbano, quinta ou solar rural, apresenta-se como uma estrutura simbólica de representação do poder de uma família e da sua hierarquia no contexto da sociedade em que se enquadra", afirma Carita na introdução.

Hélder Carita refere que o título "Solares portugueses", de Carlos de Azevedo, publicado em 1969, "continua a ser a única obra de referência", apesar de "profundamente desatualizada face aos avanços da historiografia da arquitetura civil portuguesa, nas últimas décadas".

Hélder Carita, douturado em Historia da Arquitetura e Urbanismo, pela Universidade do Algarve, é investigador do Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa.

Referindo-se à conceptualização da residência senhorial, afirma Carita que, "desde a sua implantação na paisagem, morfologia, decoração arquitetónica ou organização interna, a casa senhorial, nos seus diferentes elementos e estruturas, revela uma teia complexa de relações que se desenvolvem tanto entre diferentes grupos sociais como no interior de uma família".

"A casa senhorial é, assim, uma afirmação de privilégios, expectativas ou pretensões face a uma comunidade, em que o lugar ocupado por uma família na hierarquia dos grandes variava conforme o apoio do rei, a liquidez financeira, as vicissitudes da guerra, as ligações matrimoniais ou a dinâmica pessoal dos seus elementos", acrescenta.

No mesmo texto é salientado que, "vivendo duma forte relação com os símbolos de prestígio e de hierarquia social presentes em cada época, a casa senhorial é ainda, nas suas diferentes formas, um testemunho das transformações que a sociedade e o gosto vão assumindo ao longo dos séculos".

"Na sua estética e busca do belo, ela é também afirmação de aspirações mais profundas que revelam o Homem face ao Mundo e à Natureza", remata.

Entre outras casas senhoriais, a obra refere o palácio dos marqueses de Fronteira, em S. Domingos de Benfica, onde vai ser apresentada, a Quinta de Santiago, em Matosinhos, os paços de Bertiandos e de Calheiros, em Ponte de Lima, no Minho, as casas da Praça, em Castelo Novo, e a do Cabo, em São João da Pesqueira, na Beira Alta, o Paço dos Portocarrero ou Casa das Sereias, no Porto, os paços da Sempre Noiva, em Arraiolos, e dos Matos Azambuja, em Vila Viçosa, no Alto Alentejo, entre outros.

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