Obras inéditas dos finalistas Prémio Sonae Media Art expostas a 28 de novembro

por Lusa

A exposição com as obras inéditas dos cinco artistas, incluindo dois coletivos, finalistas do Prémio Sonae Media Art, será inaugurada no dia 28 de novembro, no Museu Nacional de Are Contemporânea - Museu do Chiado, em Lisboa.

Diogo Tudela, Francisca Aires Mateus, Rudolfo Quintas e mais dois coletivos -- o coletivo Berru (Bernardo Bordalo, Mariana Vilanova, Rui Nó e Sérgio Coutinho), e o coletivo constituído por João Correia, Sérgio Rebelo e Tiago Martins -- são os artistas finalistas ao prémio anunciados em maio deste ano.

De acordo com o museu, a exposição é inaugurada nesse dia, às 19:00, e ficará patente até 02 de fevereiro de 2020, enquanto o vencedor do prémio, no valor de 40 mil euros, será conhecido a 04 de dezembro deste ano.

O Prémio Sonae Media Art - aberto a todos os criadores até aos 40 anos de idade, nacionais ou estrangeiros, residentes em Portugal - é o maior projeto português de incentivo à produção de arte na área dos novos media, privilegiando o trabalho artístico construído a partir da intersecção disciplinar.

As obras desta terceira edição têm como denominador comum as interrogações e perplexidade sobre os grandes temas globais atuais, nomeadamente a privacidade e segurança, num tempo de sobre-exposição nas redes sociais, a Inteligência Artificial, ou as questões da individualidade.

Os trabalhos apresentados nesta 3.ª edição foram avaliados por um júri de seleção composto por André Rangel (investigador e professor na área de arte multimédia), António Cerveira Pinto (artista, crítico de arte, ensaísta, pedagogo e produtor, e diretor artístico do The New Art Fest) e Adelaide Ginga (historiadora da arte, curadora e conservadora do MNAC-MC, com especialização em artes digitais).

O júri "privilegiou as candidaturas que demonstram uma especial capacidade exploratória, inovadora e crítica no domínio da media art", segundo o comunicado divulgado em maio pelo Museu do Chiado (MNAC-MC) e pelo grupo Sonae, que promovem o prémio bienal em parceria.

De um universo inicial de 93 candidaturas recebidas, foram validadas 73, e escolhidos os cinco finalistas.

Nas duas edições anteriores do prémio, os vencedores foram a artista Tatiana Macedo com a obra "1989", em 2015, e o artista Rodrigo Gomes com a obra "Estivador de Imagens", em 2017.

Criado em 2015, o Prémio Sonae Media Art, no valor de 40 mil euros, atribui, ainda, uma bolsa de criação no valor de cinco mil euros a cada um dos finalistas para o desenvolvimento de uma obra inédita.

O vencedor do prémio será escolhido através da avaliação das obras em exposição, por um júri de premiação constituído pelo artista Miguel Soares, pela professora em arte multimédia Patrícia Gouveia e pelo produtor e ativista Yves Bernard.

O Prémio Sonae Media Art tem como objetivo distinguir as formas de criação artística contemporânea que utilizem meios digitais e eletrónicos, nas áreas de vídeo arte, projetos sonoros, projetos de exploração do virtual e da interatividade, bem como propostas de rede, em que poderão estar incorporadas outras formas de arte como a performance, a dança, o cinema, o teatro ou a literatura.

O Coletivo Berru, com sede no Porto, foi fundado em 2015 e é atualmente constituído por Bernardo Bordalo, Mariana Vilanova, Rui Nó e Sérgio Coutinho, artistas formados nas áreas de belas artes, multimédia, cinema e engenharia.

"Systems Synthesis" é a obra criada por este coletivo, que consiste num sistema biológico de sensivelmente dois metros de diâmetro, composto por plantas e outros organismos, que foi transportado de um terreno urbano abandonado para o espaço expositivo.

Na sala, a máquina replica através de algoritmos as condições ambientais do seu local nativo, um lugar esquecido onde a natureza cresce sem intervenção humana.

Diogo Tudela, nascido em 1987, no Porto, é licenciado em Som & Imagem e mestrado em Artes Digitais pela Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, e de 2012 a 2013 foi investigador e membro da plataforma de música digital/coletivo Digitópia, residente na Casa da Música.

O artista apresentou o projeto "Collisions & Render Engines", definido como "um teatro auditivo-visual de impactos e detritos que modela um sistema de informação onde se descrevem possíveis trajetórias dentro do ciclo de feedback material que conecta artefactos teatrais bélicos com os seus contrapontos no entretenimento".

Francisca Aires Mateus, nascida em 1992, em Lisboa, estudou cinema e vídeo na Escola António Arroio, é licenciada pela Royal Schools of Music, tem uma pós-graduação em pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e estudou Fine Art Media na Slade School of Fine Art, University College Londres.

"Musica Humana" é o título do seu trabalho, que consiste numa instalação sonora que junta vinte e quatro composições musicais, tendo cada uma por base as características emocionais e de personalidade de um indivíduo.

João Correia (1986), Sérgio Rebelo (1993) e Tiago Martins (1990) têm formação nas áreas da engenharia informática, design e multimédia e design gráfico, com projetos de investigação e obra publicada.

"Retratos de Ninguém" é o título do trabalho apresentado por este coletivo, no qual a fronteira entre o real e o artificial é matéria de discussão, alimentada pela emergência de sistemas computacionais que criam conteúdo falso, muitas vezes, destinado a fins de propaganda e influência.

A obra é uma instalação interativa que explora a criação de conteúdos na intersecção entre o real e o artificial, e no seu espaço são criados e apresentados "retratos com caras de ninguém gerados a partir de todos nós, que o visitamos e alimentamos".

Rudolfo Quintas, nascido em 1980, tem licenciatura em som e imagem, pós-graduação em computação gráfica e ambientes virtuais, é mestre em tecnologia e artes digitais, doutorando em média arte digital, e cria instalações e esculturas audiovisuais interativas, generativas e baseadas em mapeamento de dados.

Este artista criou "Keystone I, II, III, IV", que consiste em quatro esculturas de novos media que confrontam o espetador com uma análise objetiva feita por uma entidade de Inteligência Artificial sobre as ideias escritas `online` pela sociedade portuguesa.

Esta informação é apresentada mediante a recriação de uma rede de complexas interações, traduções e um `feedback` permanente entre o mundo digital e não-digital.

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