Olga Prats, a estreia no cinema aos 70 anos e a homenagem dos amigos (C/Foto)

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Lisboa, 28 Nov (Lusa) - A pianista Olga Prats, que completou 70 anos a 4 de Novembro, será na segunda-feira homenageada por amigos, colegas e ex-alunos num concerto, em Lisboa, e em breve vai estrear-se no cinema.

Em entrevista à Lusa, a pianista e pedagoga, que deu a sua última aula na Escola Superior de Música de Lisboa no dia em que fez anos, passou em revista a sua carreira e falou dos seus projectos para o futuro, incluindo uma primeira incursão no cinema, num filme de António Victorino d` Almeida.

Sobre a homenagem, um concerto-surpresa no Forum Lisboa que vai ser uma espécie de viagem pela história pessoal e profissional da pianista, com uma carreira de 56 anos, Olga Prats referiu que não sabe sequer quem são os que para ela vão tocar.

"Eu costumo dizer que sou uma pianista um bocado caseira, porque não fiz mais coisas internacionais. Nunca quis largar o país nem por nada", afirmou, garantindo que não se arrepende dessa opção.

"O mar e o céu azul são coisas que fazem parte de mim", justificou.

Nascida a 4 de Novembro de 1938, Olga Prats pediu para lhe ensinarem piano aos 5 anos. A mãe era professora de piano e as suas primeiras aulas foram com ela.

"O gosto pelo piano foi uma coisa natural, veio porque ouvia os outros tocar, porque ouvia a minha mãe", contou.

Aos seis anos começou a estudar com o professor João Maria Abreu e Motta e aos 13 anos deu o seu primeiro recital no Teatro Municipal de São Luiz, em 1952. Ainda hoje se recorda de como ia vestida para esse recital, das meias de `crochet` feitas pela avó e das peças que tocou.

Depois de ter acabado o curso de piano no Conservatório Nacional, Olga Prats teve duas bolsas para estudar na Alemanha, país onde descobriria a música de câmara e o prazer de tocar em conjunto.

"Quando cheguei à Alemanha e comecei a fazer música de câmara, apareceu-me um bichinho novo, que é o fazer música em conjunto", disse Prats, que ficou "encantada" com a descoberta.

No regresso a Portugal "tentei trazer o que encontrei na Alemanha e encontrei um vazio total a nível da música de câmara, não havia nada", acrescentou.

A par da carreira como solista e membro de agrupamentos - um duo com Ana Bela Chaves (a partir de 1969) e o Opus Ensemble (em 1980) - Olga Prats dedicou-se desde 1970 ao ensino.

Começou por dar aulas de piano no Conservatório Nacional - Jorge Palma foi um dos seus alunos -, mais tarde deu aulas de música de câmara e, a partir de 1983, passou a leccionar na Escola Superior de Música de Lisboa até ser agora "obrigada" a reformar-se.

"Quando comecei a ensinar comecei a aprender muito através dos alunos", revelou.

Olga Prats colaborou também com diversos compositores, com destaque para Fernando Lopes Graça e Constança Capdeville.

Com Lopes Graça "foram 33 anos de convívio, era um ligação bastante especial", confessou ao falar da sua dedicação à música portuguesa.

"Gosto muito de partilhar a música com os outros. Claro que não deixo de ter o meu repertório, não só o tradicional como o menos conhecido, por isso me dediquei ao Astor Piazzola, que tive o prazer de conhecer, e gravei um disco com música dele", declarou a pianista, destacando o carácter inovador da iniciativa.

Agora, apesar dos 70 anos, Olga Prats quer continuar a ensinar e já tem algumas propostas.

Dentro de pouco tempo, vai também estrear-se no cinema, a convite de Victorino d` Almeida.

"Sou uma senhora de uma aldeiazinha, assim meio-feiticeira, uma espécie de bruxinha bondosa", referiu, sem poder dizer mais sobre o papel.

As filmagens devem começar em Dezembro ou Janeiro, em Vila Nova de Cerveira.

"A minha fome contínua de conhecer coisas novas é o que me faz não envelhecer", disse.

EO.


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