Ópera "Émilie", com libreto de Amin Maalouf, apresentada na Casa da Música

por Lusa

Porto 08 out (Lusa) - A ópera "Émilie", da compositora finlandesa Kaija Saariaho, com libreto do conhecido romancista libanês Amin Maalouf, regressa na quarta-feira a Portugal, à Casa da Música, pela Orquestra Gulbenkian.

Com libreto do escritor franco libanês Amin Maalouf -- autor, entre outros livros, de "Samarcanda" e as "Cruzadas vistas pelos árabes" -- a ópera "Émilie", que se estreou em 2010 em Paris, e se apresentou em Lisboa em janeiro deste ano, centra-se na figura de Émilie du Châtelet, uma aristocrata francesa que foi uma figura intelectual da sua época e um grande nome da ciência.

"Uma personagem do século XVIII, uma mulher excessiva, na sua vida, cheia de paixões, amores, vícios, pelo jogo nomeadamente, mas que, ao mesmo tempo, reunia um profundo conhecimento científico, raro na época, sobretudo numa mulher. Foi ela que traduziu, por exemplo, os livros de Newton para francês", explicou o diretor artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, em declarações à agência Lusa.

Escrita em forma de monólogo, em nove cenas, e com a soprano Karen Vourc`H a encarnar a personagem principal durante 75 minutos em palco, a obra da autoria de Kaija Saariaho mantém a linha já seguida pela finlandesa, compositora residente na Casa da Música em 2010, o que faz dela "um nome familiar" na cidade do Porto.

"Quem conhece a música da Kaija Saariaho e o nosso público recordar-se-á da retrospetiva da obra dela e das estreias que tivemos na Casa da Música em 2010. É uma música que vem numa corrente espetral, muito ligada à música francesa, extremamente sofisticada, muito expressiva e talvez muito feminina, se é que isso se pode traduzir por música", referiu António Jorge Pacheco.

Esta peça, estreada na Ópera de Lyon, surge num novo formato em Portugal, "adaptado ao tipo de infraestruturas" que acolhem o espetáculo encomendado pela Fundação Gulbenkian, e conta com a codireção artística e cénica dos portugueses Vasco Araújo e André E. Teodósio, explicou o diretor artístico da Casa da Música.

António Jorge Pacheco salientou que o público portuense já teve oportunidade de assistir "no espaço de duas semanas, a duas óperas" na Casa da Música, numa referência à obra "Ligações Perigosas", de Luca Francesconi, estreada a 24 de setembro,

Esta ópera, que foi apresentada em seguida em Estrasburgo, recebeu críticas muito favoráveis da imprensa francesa, salientou o diretor artístico da Casa da Música. O jornal Figaro, por exemplo, que classifica a Casa da Música como "uma das casas mais inovadoras da Europa", considerou que Luca Francesconi, consegue, "com a sua orquestração, tirar cores inéditas do fabuloso Ensemble Remix".

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