Orquestra Sinfónica Brasileira estreia hoje "Incipit" de Luís Tinoco

Rio de Janeiro, 10 jun (Lusa) -- A peça "Incipit", do compositor Luís Tinoco, é estreada hoje pela Orquestra Sinfónica Brasileira, sob a direção do maestro norte-americano Tito Muñoz, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro.

Lusa /

Do programa, além da obra do compositor português, fazem parte "Divertimento para orquestra", de Leonard Bernstein, "Appalachian Spring", de Aaron Copland, e a Sinfonia n.º 6 em si menor, "Patética", de Piotr Tchaikosvky.

Quinta-feira, a obra orquestral volta a ser interpretada pela Sinfónica do Brasil, sob a direção de Muñoz, no Theatro Municipal, também na capital carioca.

"Incipit" resultou de uma encomenda do Organismo de Produção Artística (OPART), "em resposta a um desafio conjunto da secretaria de Estado da Cultura de Portugal, da Cidade das Artes e da Orquestra Sinfónica Brasileira, com o objetivo de celebrar os 450 anos do Rio de Janeiro", explicou o compositor à Lusa.

"A partitura inclui citações de `Audivi Vocem De Caelo`, uma obra do compositor português Duarte Lobo, que terá nascido por volta de 1565, por altura da fundação da cidade do Rio, e que faleceu em Lisboa, em 1646", acrescentou o compositor.

"O `objeto musical` representado surge claramente assumido e definido, porém, à medida que a música progride, as suas formas vão sendo metamorfoseadas, quebradas, transpostas, fragmentadas e, idealmente, renovadas", prosseguiu.

Luís Tinoco, de 45 anos, tem frequentemente visto a suas peças serem estreadas além-fronteiras, por orquestras internacionais.

Há um ano, "FrisLand" foi estreada pela Sinfónica de Seattle, num concerto dirigido pelo maestro francês Ludovic Morlot.

Luís Tinoco, filho do arquiteto, poeta, pintor e compositor José Luís Tinoco, estudou piano com Maria Carlota Tinoco, sua avó, e Elisa Lamas, que também lhe ensinou formação musical e harmonia.

Depois de ter feito o ensino secundário, e estudado na Escola de Teatro e Cinema do Conservatório Nacional, em Lisboa, e estudado Desenho e História de Arte na Sociedade Nacional de Belas Artes, Luís Tinoco decidiu-se pela música.

Em 1991 estudou jazz com Mário Laginha e, dois anos mais tarde, entrou na Escola Superior de Música de Lisboa, onde teve como professores José Carlos Buonacorso, Christopher Bochmann, António Pinho Vargas, e onde completou o curso de Composição em 1996 com a nota de 19 valores. Aos 25 anos tinha já composto a peça "Quinteto para saxofone soprano, fagote, piano, viola e violoncelo", seguindo-se, em 1995, "Quarteto de cordas" e "Perpetuum", em 1996.

Tinoco fez o mestrado em Composição na Royal Academy of Music, em Londres, onde estudou com Paul Patterson, tendo sido bolseiro do Centro Nacional de Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian. Aos 43 anos, doutorou-se em composição na Universidade de York, no Reino Unido.

"Contos fantásticos" e "Evil machines", concebidas em parceria com o ex-Monty Python Terry Jones, "Cercle interieur", composta para a Cité de La Musique, em Paris, em 2012, "Mare Tranquilitatis", "From the depth of distance" e "Tracing the Memory", estreadas por orquestras norte-americanas, entre 2004 e 2009, "Short cuts", que a Orquestra Sinfónica de Chicago escolheu para o seu repertório, são algumas das suas obras.

No passado mês de novembro estreou "Lídia", com a Companhia Nacional de Bailado.

Luís Tinoco ganhou, em 1995, o Prémio de Composição Lopes-Graça, do Museu da Música Portuguesa-Casa Verdades de Faria, em 2000 o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte, do Ministério da Cultura, e os prémios de Composição Cláudio Carneyro e do Gallimard Ensemble.

Em Inglaterra, entre 1997 e 1999 conquistou cinco prémios atribuídos pela Royal Academy of Music.

Atualmente é professor da Escola Superior de Música de Lisboa, diretor artístico do Prémio Jovens Músicos e apresenta o programa "Geografia dos sons", na Antena 2.

Desde 2005, a música de Luís Tinoco é publicada no Reino Unido pela University of York Music Press.

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