Os olhos azuis mais famosos do cinema norte-americano - perfil
Los Angeles, Califórnia, 27 Set (Lusa) - O actor Paul Newman, figura lendária de Hollywood que morreu sexta-feira com 83 anos, será tão recordado pelos seus olhos azuis, porventura os mais famosos do cinema norte-americano, como pela sua brilhante carreira.
Eterno aspirante a Óscares, obteve três, dois honorários e um pelo seu desempenho no filme "A cor do dinheiro", com 61 anos e já com uma longa carreira atrás de si.
E isso depois de sete nomeações por "Gata em Telhado de Zinco Quente" (1958), "A vida é um jogo" (1961), "Hud - o mais selvagem entre mil" (1963), "O Presidiário" (1967), "Raquel, Raquel" (1968), "Ausência de malícia" (1981) e "O Veredicto" (1982).
"É como cortejar uma mulher durante 80 anos", disse o actor ao receber o prémio, a que se seguiram outras duas nomeações, por "Vidas Simples" (1994) e "Caminho para Perdição" (2002), a sua despedida do cinema pela porta grande, num supremo duelo interpretativo com Tom Hanks.
Todavia, ganhou um Emmy em 2005 e um Globo de Ouro pelo seu desempenho na mini-série para televisão "Empire Falls".
Nascido a 26 de Janeiro de 1925 em Shaker Heights (Ohio), o jovem Newman, depois de prestar serviço militar na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, como operador de rádio, lançou-se na carreira de actor depois de frequentar o Actor`s Studio, em Nova York.
A sua beleza clássica não passou despercebida e depressa recebeu os primeiros convites para actuar nos teatros da Broadway e em série para a televisão.
Começou no cinema com o filme "O Cálice de Prata" (1954), uma película tão má que quando se estreou na televisão Newman publicou um anúncio nos jornais com um pedido de desculpas.
Foi a sua interpretação do papel do pugilista Rocky Graziano, inicialmente destinado a James Dean, no filme "Marcado pelo Ódio" (1956), realizado por Robert Wise, que chamou a atenção da crítica e dos produtores, que viram nela a próxima estrela de Holywood.
A confirmação surgiria dois anos mais tarde, com "Gata em telhado de Zinco Quente", uma adaptação suavizada de um texto de Tennessee Williams, em fez um inesquecível e belíssimo par com Elizabeth Taylor.
Nos anos seguintes, Newman correspondeu à confiança nele depositada e foi o motor de êxitos de bilheteira tão relevantes como "Exodus" (1960), "O Prémio" (1963), "Harper" (1966), "Butch Cassidy e Sundance Kid" (1969), ao lado do seu amigo Robert Redford, com quem voltaria a actuar em "A Golpada" (1973), ambos realizados por George Roy Hill.
Entretanto, dirigiu "Raquel, Raquel", que recebeu nomeações para melhor filme e melhor actriz, pelo desempenho da sua mulher Joanne Woodward, "Sometimes a Great Notion" (1971) e "O efeito dos raios gama nas margaridas do campo" (1972).
Woodward e Newman, que rodaram juntos "Paixões Escaldantes" (1958), tiveram três filhas e constituíram um dos casais mais sólidos da indústria cinematográfica. Decidiram porém abandonar Holywood em 1960 e fixar residência no Connecticut.
Casaram-se em Las Vegas a 29 de Janeiro de 1958, um dia depois de Newman obter o divórcio de Jackie Witte, sua primeira mulher.
Nos anos 70 as suas aparições no cinema foram escasseando e alternou fracassos rotundos, como "A Torre do Inferno" (1974), com grandes êxitos como "Slap Shot" (1977). Dessa época data o início da sua paixão pelas corridas de automóveis, tendo chegado a ser proprietário de umaequipa profissional.
Mais tarde fundou a Newman`s Own, uma empresa de produtos alimentares cujos lucros se destinam a fins de beneficência, uma faceta altruísta iniciada após a morte do seu único filho, Scott, em 1978, por dose excessiva de droga.
Com o avançar da idade passou a apostar em participações em filmes de realizadores consagrados, como Sidney Pollack ("Ausência de malícia"), ou Sidney Lumet ("O Veredicto").
"O Sr. e a Sra. Bridges" (1990), de James Ivory, voltou a reunir no ecrã o casal Newman. Seguiram-se algumas intervenções memoráveis em "The Hudsucker Proxy" (1994), dos irmãos Cohen, e "A hora mágica" (1998), de Robert Benton, e concessões comerciais como "Mensagem numa garrafa", de Kevin Costner.
Mas a retina cinéfila reterá como marco indelével sobretudo a sua participação em "Caminho para Perdição", no papel de John Rooney, chefe da máfia irlandesa na Chicago dos anos 30, que se debate entre a defesa do filho biológico e o seu amor por Nichael Sullivan (Hanks), órfão que criou e tratou como se fosse seu.
CM