Endividamento das famílias e Taxas Euribor a subir

por Raquel Ramalho Lopes, RTP
O coordenador do estudo apela à necessidade de as famílias aumentarem a poupança RTP

As taxas de juro subiram pela 14ª sessão consecutiva, tendo atingido o valor mais alto desde 27 de Dezembro, quando 100 mil famílias já têm dificuldades para pagar os empréstimos bancários.

A Euribor a três meses subiu 0,025 por cento e agora é de 4,699 por cento; a de seis meses aumentou 0,030 e situa-se nos 4,705 por cento - este indexante é o mais utilizado nos créditos à habitação. A Euribor a 12 meses cresceu 0,037 pontos percentuais, para 4,712 por cento.

A Euribor é também a taxa de referência nos cálculos dos juros dos depósitos a prazo e nos certificados de aforro.

O Banco Central Europeu injectou hoje 14 mil milhões de euros de liquidez suplementar de emergência aos bancos, mas este facto não impediu a subida das taxas de juro do mercado.

A crise nos mercados financeiros, as dificuldades de liquidez e a falta de confiança entre os bancos, pouco motivados para os empréstimos entre si, estão na origem das limitações na oferta de dinheiro.

Desde o início da crise do crédito hipotecário de risco nos Estados Unidos, no Verão passado, as perdas de activos no sector financeiro ascendem já a 200 mil milhões de dólares.

Endividamento das famílias portuguesas continua a subir

Três por cento das famílias portuguesas que recorreram ao crédito têm muitas dificuldades em assegurar os pagamentos dos empréstimos bancários. Esta é uma das conclusões de um estudo do Gabinete de Orientação ao Endividamento dos Consumidores, do Instituto Superior de Economia e Gestão, citado pelo “Diário Económico”.

Os autores do documento, que será apresentado dentro de dias, explicam que o contínuo aumento do endividamento num contexto de incerteza económica se deve ao desejo das famílias de manterem o padrão de consumo.

João Paulo Calado, coordenador do gabinete que efectuou o estudo, admitiu que na actual conjuntura, com a subida das taxas de juro, desemprego elevado, incertezas do mercado e redução da taxa de poupança, seria de esperar moderação no crédito.

“As pessoas não querem abdicar do seu padrão de consumo”, explicou. Advertiu, no entanto, que “esta situação não se pode prolongar por muito mais tempo”, acrescentando que os níveis de poupança têm de aumentar.

O estudo do Gabinete de Endividamento teve por base um inquérito a 835 famílias portuguesas, escolhidas aleatoriamente, por telefone ou presencial.

O Banco de Portugal revelou por seu lado que, em termos absolutos, se regista um aumento marginal do incumprimento de crédito, se forem observados critérios como a falta de mais de três meses de pagamento e a inexistência de negociação entre credor e devedor.

O coordenador do Gabinete de Endividamento aponta que muitas famílias que não estão em incumprimento segundo os critérios acima referidos encontram-se contudo numa “situação (financeira) complicada”.
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