Os Quais, grupo de Jacinto Lucas Pires e Tomás Cunha Ferreira, apresentam-se em Lisboa (c/ áudio)
Lisboa, 12 Nov (Lusa) - O escritor Jacinto Lucas Pires e o pintor Tomás Cunha Ferreira fundaram Os Quais, um grupo da "novíssima música portuguesa que vem do meio do Atlântico", que actua sexta-feira no Musicbox, em Lisboa.
Em antecipação a este concerto, Jacinto Lucas Pires explicou hoje à agência Lusa que Os Quais são um grupo de música independente, uma "espécie de meio disco voador que vem do meio do Atlântico até Lisboa", com referências ancoradas na música brasileira e na poesia portuguesa.
Embora o grupo exista "secretamente há muitos anos", esta será apenas a segunda actuação pública d´Os Quais, depois da estreia em Julho no cabaret Maxime.
Jacinto Lucas Pires (voz e guitarra) recordou que, com Tomás Cunha Ferreira (guitarra), amigo de longa data, iniciou-se a tocar e a cantar num projecto mutante que foi tendo vários nomes e músicos.
"É uma coisa que me diverte, que me interessa, que faço despretensiosamente, com todos os falhanços dos autodidactas, mas também com o prazer do amador. Gosto dessa palavra `amador´, aquele que ama e aquele que não faz disso profissão", disse Jacinto Lucas Pires.
Os Quais - uma escolha que, segundo o escritor, não tem grande explicação -, já gravaram um EP e esperam editá-lo ainda este ano, "a tempo do Natal alternativo", pela editora independente Amor Fúria.
Jacinto Lucas Pires, ficcionista recentemente distinguido com o Prémio Europa David Mourão-Ferreira, e Tomás Cunha Ferreira, artista plástico, decidiram revelar-se numa arte que não é de ofício por "uma questão de honestidade".
"Faz-se música para mostrar, para cantar em lugares públicos, para fazer discos, para dar a ouvir e para nós é um prazer ter pessoas à volta quando cantamos. O Tomás é pintor, eu sou escritor, temos vidas um pouco caóticas do ponto de vista de tempo e por isso atrasámos um bocado o levar a música para um palco", sublinhou.
Na página oficial no Myspace, Os Quais disponibilizam três temas para audição - "Coração Objecto", "Buganvília" e "Igual" -, com Jacinto na voz, revelando influências de Caetano Veloso, e Tomás na guitarra.
"Na maneira de cantar dizem que aprendi um bocado com o Caetano e para mim isso é uma honra, mas temos várias referências, Alexandre O´Neill, Carmen Miranda, jazz, soul, Outkast, Heróis do Mar, Vitorino, Beatles", elencou o escritor.
Jacinto Lucas Pires já escreveu letras para outros artistas, como Camané, mas diz que enquanto letrista não é um contador de histórias.
"Há óptimos letristas, como o Chico Buarque ou o Sérgio Godinho, que têm uma tendência narrativa clara, assumida, de contar uma história enquanto se canta uma canção. A mim não me acontece isso, embora seja um ficcionista enquanto escritor. Quando faço letras, se calhar tento fazer qualquer coisa de diferente do meu ofício base", opinou.