Papel das empresas na gestão de património em debate em Lisboa
O papel das empresas privadas na gestão e valorização do património arqueológico é um dos temas em debate no Colóquio da Era Arqueologia que se realiza em Lisboa sexta- feira e sábado.
A Era Arqueologia, criada em 1997, é uma empresa especializada em escavações arqueológicas. No ano passado, teve um volume de negócios de cerca de 1,3 milhões de euros.
Desde 2002 que a empresa organiza colóquios que procuram "dar a conhecer o que tem sido a sua actividade arqueológica e suscitar o debate de temas arqueológicos junto do grande público", disse o seu administrador-delegado, Miguel Lago, à agência Lusa.
O colóquio, no auditório do Metropolitano, na estação do Alto dos Moinhos, divide-se em duas partes: na primeira, sexta-feira, participam o empresário José Roquette, o arqueólogo Manuel Miró I Alaix e o investigador japonês Toshio Kuwako, e na segunda, sábado, são divulgados os resultados de várias escavações.
José Roquette irá falar sobre as escavações nos Perdigões, consideradas "exemplares" por António Valera, director do Núcleo de Investigação da Era.
Segundo Valera, "ao terem sido descobertos, em 1997, vestígios arqueológicos na Herdade do Esporão (Reguengos de Monsaraz) na zona conhecida como Perdigões, foi tomada a decisão de se escavar, deixar património a descoberto e integrar as escavações na sua estratégia empresarial".
O núcleo de escavações pode ser visitado e foi instalado na torre da herdade um núcleo museológico, "sendo todo este espaço aproveitado em termos de atractivo turístico", explicou Valera.
Segundo o arqueólogo, "torna-se cada vez mais imperioso a sociedade intervir na gestão e valorização do património, em conformidade com os objectivos do Estado, que tem sido até aqui o seu principal gestor".
Na opinião de Valera, "a sociedade civil que gere e valoriza esse mesmo património pode participar na sua gestão, através de privados".
Miró I Alaix dará conta da experiência da sua empresa, Stoa, na Catalunha (Nordeste de Espanha), enquanto que Kuwako, do Instituto Tecnológico de Tóquio, explicará como "a comunidade valoriza o património e essa valorização pode ser e deve ser levada em conta no ordenamento territorial".
No sábado serão apresentados os resultados de diferentes escavações levadas a cabo por equipas da Era, dando-se a conhecer, nomeadamente, a descoberta de cachimbos de caulino holandeses, do século XVII, na Ribeira de Lisboa, ou de uma necrópole com mais de 5.500 anos junto à barragem do Alqueva (Beja).
Outras apresentações estão relacionadas com o complexo romano das Almouinhas (Loures) que poderá ser também integrado na estratégia económica do empreendimento, que ocupa parte do seu espaço histórico, o recinto de fossos pré-históricos da Barca (Maia) e ainda o sítio romano de Vila Fria (Silves).