Peças de artesanato contemporâneas trabalhadas com técnicas que têm acompanhado várias gerações de artesãos algarvios vão estar em exposição entre o próximo sábado e 17 de junho, no Palácio Gama Lobo, na cidade de Loulé.
Peças de artesanato trabalhadas com técnicas ancestrais expostas em Loulé
A mostra, promovida pela Associação Origem Comum, em parceria com a Loulé Criativo, pretende apresentar técnicas tradicionais e ancestrais do Algarve, como a palma, cortiça, cestaria de cana, madeiras autóctones e caldeiraria, na criação de modelos contemporâneos.
"O objetivo é o de os artesãos poderem ver o resultado do trabalho de todos os territórios", disse à Lusa Álbio Nascimento, `designer` e investigador das práticas ancestrais na área do artesanato.
A exposição, que tem como lema "Práticas Situadas", vai apresentar produtos com técnicas de vários pontos do país, "mas o foco está centrado" na investigação e no trabalho desenvolvido nalguns pontos do distrito de Faro.
"São produtos terminados, na maioria já disponíveis na loja `online` da Origem Comum, acessíveis para as pessoas adquirirem, porque só assim faz sentido", notou Álbio Nascimento.
A preservação das práticas ancestrais e originais de cada lugar resulta do trabalho de investigação de Álbio Nascimento e Kathi Stertzig, que criaram a plataforma Origem Comum, onde os produtos não comercializados.
A mostra arranca no próximo sábado com cerca de 10 produtos, mas vai apresentar "um formato evolutivo, onde vão aparecer mais alguns objetos à medida que vão sendo terminados".
Do programa faz parte uma residência artística, com a duração de três semanas, sob orientação de uma `designer` da Malásia, autora de pesquisas de fibras vegetais e técnicas de entrelaçamento ligadas à cestaria local na Europa.
Álbio Nascimento considerou também como "um outro momento forte" a realização, em 12 de maio, de um dia dedicado a conversas e debates sobre a contemporaneidade e a relevância contemporânea destas artes.
A Origem Comum tem a função de colocar estas práticas na ordem do dia, enquanto ferramentas para questionar a cultura material, o desperdício, o consumo e de como podem ser devolvidas ou reintroduzidas no dia-a-dia.
O conceito da Origem Comum assenta em aprofundar as raízes de práticas de outrora, "num caminho feito com os artesãos, as suas práticas e saberes", sublinhou o investigador.
Álbio Nascimento adiantou que o objetivo é aprender com as práticas, os materiais e os processos e "daí aprender o que é que é verdadeiramente sustentável e útil aos novos tempos".
"Queremos que as práticas artesanais participem da discussão global dos temas do nosso tempo: produção sustentável, comércio justo, consumo responsável, respeito pelo clima e pelo bem-estar em comunidade", concluiu.