Periódico Mercurio Portuguez adicionado a lista de tesouros da Biblioteca Nacional

A obra "Mercurio Portuguez com as novas da Guerra entre Portugal & Castela", publicada entre Janeiro de 1663 e Julho de 1667, foi adicionada à colecção de periódicos dos Tesouros da Biblioteca Nacional (BN), indicou a instituição.

Agência LUSA /

A BN criou em Janeiro de 2004 uma exposição virtual do que considerou serem os seus "mais relevantes tesouros" e apresenta no final de cada mês na Biblioteca Nacional Digital (BND) uma nova obra seleccionada das colecções de Cartografia, Espólios, Iconografia, Impressos, Manuscritos, Música ou Periódicos.

Pode ser um livro raro, um manuscrito, uma gravura, um mapa, uma partitura ou um objecto o novo tesouro mensalmente divulgado por este projecto aberto, que pretende promover o conhecimento e fácil acesso, através da Internet, às obras mais representativas do património cultural à guarda da BN.

Em Setembro, coube a vez à obra "Mercurio Portuguez", título que se destacou nos primórdios da imprensa periódica portuguesa, a par da "Gazeta".

De acordo com a BND, a designação "mercúrio" foi adoptada por publicações de diversos países, numa referência ao simbolismo do mensageiro dos deuses.

Os estudiosos da imprensa periódica sustentam que havia diferenças claras entre os "mercúrios" e as "gazetas", possuindo estas um carácter mais noticioso.

A "Gazeta" é, assim, considerada o primeiro periódico de notícias que se publicou em Portugal e o "Mercurio Portuguez" o primeiro periódico político português, nascido em Janeiro de 1663, em Lisboa, e publicado até 1667.

Por muitos considerado o primeiro jornalista português, o seu director e redactor foi o escritor, político e diplomata António de Sousa Macedo, que pretendeu, com a sua publicação, "tapar a boca aos castelhanos".

Apesar de o tema principal do jornal ser, como indicava o título, "as novas da guerra entre Portugal e Castela", o jornal incluía ainda muitas outras informações, do país como do estrangeiro.

Por exemplo, no número de Maio de 1665, noticiou a abertura de uma rua, designada "Rua Nova do Almada", que tornaria mais fácil a comunicação entre a baixa e a alta de Lisboa e cujo nome de devia ao autor do projecto, Rui Fernandes de Almada, presidente do senado da Câmara.

A colecção de periódicos da BN inclui cerca de 56.000 títulos de jornais e outras publicações em série, dos quais 20.000 são títulos portugueses correntes e cerca de 250 estrangeiros, também a ser publicados.


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