Pianista Maria João Pires abre programação musical `online` da Gulbenkian

por Lusa

Um concerto da pianista Maria João Pires vai abrir, na próxima semana, a programação musical `online` da Fundação Calouste Gulbenkian, a disponibilizar gratuitamente, a partir de sexta-feira dia 12, anunciou hoje a instituição.

A Orquestra Gulbenkian é comum a todos os cinco concertos com transmissão já agendada até final de fevereiro, às terças e sextas-feiras, em programas que partem de Mozart, para o romantismo de Brahms, seguem pela contemporaneidade de João Guilherme Ripper, com as suas "Cartas Portuguesas", e pela modernidade de Chostakovitch, para regressarem ao classicismo, com Joseph Haydn.

Além de Maria João Pires, do Coro e da Orquestra Gulbenkian, e do seu maestro titular, Lorenzo Viotti, esta programação, a disponibilizar através do `site` da Gulbenkian Música, conta também com a soprano Carla Caramujo, o trompetista Carlos Leite e os regentes Hannu Lintu e Mihhail Gerts.

No dia 12, é transmitido o concerto dado pela pianista Maria João Pires, em dezembro último, no Grande Auditório, com a Orquestra Gulbenkian, sob a direção de Lorenzo Viotti.

Maria João Pires interpretou, na altura, o Concerto n.º 20, para piano e orquestra, de Mozart, numa apresentação "inesquecível", afirma a Gulbenkian.

A pianista dirige atualmente o seu Centro de Estudos Musicais, em Belgais, no distrito de Castelo Branco, e é uma das mais aclamadas intérpretes a nível mundial, sobretudo em compositores como Beethoven, Schubert, Schumann e Mozart, de quem gravou, logo no início do percurso internacional, na década de 1970, a integral das Sonatas, que se mantém como uma das interpretações de referência, no mercado discográfico.

Aos nove anos recebeu o prémio da Juventude Musical Portuguesa e, em 1970, venceu o Concurso Internacional Beethoven, promovido pela União Europeia de Radiodifusão. Em 1984, foi uma das protagonistas do Festival Mozart, em Salzburgo, na Áustria.

Em 2002, a pianista, natural de Lisboa, foi galardoada com o prémio do Conselho Internacional da Música (IMC), da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e, em 2015, recebeu o Prémio Gramophone, pela sua interpretação dos 3.º e 4.º Concertos de Beethoven, com o maestro Daniel Harding e a Orquestra Sinfónica da Rádio Sueca.

Prémio Pessoa, em 1989, uma das aclamadas pianistas do catálogo da Deutsche Grammophon, Maria João Pires recebeu em 2019 a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura do Governo português.

A programação `online` da Gulbenkian prossegue no dia 16, com a Sinfonia n.º 3, de Brahms, pela Orquestra, dirigida pelo maestro estónio Mihhail Gerts.

Sobre Gerts, a Fundação assinala a sua "notável, rápida e firme ascensão" como jovem maestro, "com estreias sucessivas à frente de prestigiadas orquestras como a Orchestra dell`Accademia Nazionale di Santa Cecilia [de Roma], a Royal Liverpool Philharmonic, a Sinfónica da BBC [ambas no Reino Unido], a Sinfónica de Antuérpia [na Bélgica] ou a Filarmónica da Radio France".

Mihhail Gerts estudou direção de orquestra na Academia de Música da Estónia e na Escola Superior de Música Hanns Eisler, de Berlim. Entre 2013 e 2017, foi bolseiro do Fórum de Direção de Orquestra do Concelho Alemão da Música. Em 2014 foi finalista do Concurso Donatella Flick, da Sinfónica de Londres, e do Concurso de Direção Evgeny Svetlanov.

No dia 19, será disponibilizado o `monodrama` "Cartas Portuguesas", do compositor brasileiro João Guilherme Ripper, encenado por Jorge Takla, sob a direção do maestro Hannu Lintu, com a soprano Carla Caramujo, e o Coro e a Orquestra Gulbenkian.

A peça "Cartas Portuguesas", que remete para as cartas atribuídas à freira de Beja Mariana Alcoforado (1640-1723), resulta de uma encomenda da Fundação Gulbenkian, com a Orquestra Sinfónica do Estado de São Paulo.

No dia 23 de fevereiro, o programa regressa ao maestro Lorenzo Viotti, na direção da 9.ª Sinfonia de Dimitri Chostakovitch. Uma obra "inspirada no classicismo vienense, mas à qual o compositor russo decidiu dar uma outra expressão".

O maestro suíço, titular da Orquestra Gulbenkian desde 2018, assumirá na próxima temporada, 2021/2022, o lugar de maestro titular da Filarmónica e da Ópera Nacional da Holanda, em Amesterdão, mantendo-se como maestro convidado principal, em Lisboa.

Viotti estudou direção de orquestra com Georg Mark, em Viena, e com Nicolás Pasquet, no Conservatório Franz Liszt, em Weimar.

Em 2015, venceu o prémio do Salzburg Festival Young Conductors. Antes, em 2013, ficara em 1.º lugar no Concurso Internacional de Direção de Cadaqués e no Concurso MDR.

As propostas da Gulbenkian para fevereiro terminam no dia 26, de novo com o maestro Mihhail Gerts, para a interpretação do Concerto para Trompete e orquestra, de Joseph Haydn, tendo como solista Carlos Leite.

O trompetista, natural de Cabeceiras de Basto, venceu vários concursos nacionais, nomeadamente o "Terras de La Salette", o concurso da Póvoa de Varzim e o Luso-Galaico Albertino Lucas.

Na 26.ª edição do Prémio Jovens Músicos, em 2013, recebeu o 3.º Prémio -- Nível Superior e, nesse mesmo ano, ganhou uma bolsa para a 38.ª sessão da International Trumpet Guild, em Chicago, nos Estados Unidos.

Em 2014, fez aperfeiçoamento na Escola Superior de Música da Catalunha, com Angel Serrano. Soma igualmente `masterclasses` com músicos como Hakan Hardenberger, Michael Sachs, Mireia Farrés, Frits Damrow e Pierre Dutot, entre outros.

Foi titular da Orquestra de Jovens da União Europeia (2014-2018), professor convidado do Conservatório de Música de Paredes e também lecionou na Academia de Música Costa Cabral e na Escola Superior de Música e Artes e do Espetáculo, no Porto.

Em 2017, venceu o 1.º prémio do Concurso Europeu de Música Lions, em Montreux, na Suíça.

Além de 1.º reforço na Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, Carlos Leite tem colaborado com a Orquestra Sinfónica de Barcelona e Nacional da Catalunha, e a Banda Sinfónica Portuguesa.

Em 2020, venceu a audição para Solista A da Orquestra Gulbenkian, em Lisboa.

Os concertos ficam disponíveis, às terças e sextas-feiras, a partir das 19:00, nas plataformas digitais da Fundação.

A Fundação Calouste Gulbenkian encerrou as instalações, à exceção do Jardim, no passado dia 15 de janeiro, com a entrada em vigor do novo período de confinamento, decretado para contenção da pandemia da covid-19.

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