Portugal em destaque no festival italiano Polis com teatro sobre colonialismo e utopias
A companhia Hotel Europa, o dramaturgo Rui Pina Coelho e a estreia, em italiano, do espetáculo "Manifestos Para Depois do Fim do Mundo", de Isabel Costa, estarão a partir de sexta-feira em Ravenna, Itália, no âmbito do Festival Polis.
Nesta 8.ª edição do Polis Teatro Festival, o programa contempla mais de 35 eventos, incluindo espetáculos e mesas redondas de artistas e académicos, atividades educativas e projetos participativos desenvolvidos ao longo do ano através de colaborações com o território, descreve o `site` do certame.
Na sexta-feira, subirá ao palco "Portugal não é um país pequeno", pela companhia Hotel Europa, um espetáculo de teatro documental que explora o peso da colonização africana e da ditadura salazarista.
Seguir-se-á a mesa redonda "L`ultima rivoluzione della vecchia Europa" ("A última revolução da velha Europa", em tradução livre), em colaboração com a Universidade de Bolonha e o Europe Diret Romagna.
O espetáculo aborda a ditadura e a presença portuguesa em África a partir de testemunhos reais de antigos colonos, reunidos através de uma técnica que reproduz fielmente as palavras dos entrevistados, combinada com uma pesquisa historiográfica rigorosa, segundo a sinopse da obra.
"Manifestos Para Depois do Fim do Mundo" - que subirá ao palco em Ravenna no fim de semana - inspira-se no trabalho curatorial de Hans Ulrich Obrist, e resulta de uma recolha de textos de Isabel Costa com produção da companhia de teatro os Possessos, em colaboração com a companhia local Spazio A, segundo a organização.
Depois da estreia em Lisboa, em 2023, a peça já passou por Dresden e Havana, num percurso internacional que chega agora a Itália.
Em Ravenna, o espetáculo será apresentado em italiano, em colaboração com a companhia local Spazio A., no âmbito da colaboração entre companhias.
Esta criação - que junta sete atores a interpretar manifestos escritos após o ano 2000, "numa abordagem intimista e não panfletária" - está integrada no European Festivals Fund for Emerging Artists (EFFEA), iniciativa da European Festivals Association, cofinanciada pela União Europeia.
Rui Pina Coelho, dramaturgo do Teatro Experimental do Porto (TEP) e professor universitário, irá apresentar no festival uma `conferência-performance` sobre o poder artístico e político da utopia no século XXI, intitulada "Icaria, Icária, Icária"
Lançado em 2028, o Festival Polis Teatro tem-se dedicado a investigar questões como a defesa dos direitos civis, as alterações climáticas e o papel da arte na sociedade.