Prémio Camões - António Lobo Antunes, romancista prolífico e consagrado

Autor de uma extensa e premiada obra literária, o romancista António Lobo Antunes, hoje distinguido com o Prémio Camões, o maior concedido a escritores de língua portuguesa, era um dos nomes frequentemente equacionados para o galardão.

Agência LUSA /

Autor de uma extensa e premiada obra literária, o romancista António Lobo Antunes, hoje distinguido com o Prémio Camões, o maior concedido a escritores de língua portuguesa, era um dos nomes frequentemente equacionados para o galardão.

Um dos escritores portugueses mais lidos, vendidos e traduzidos em todo o mundo e eterno "nobelizável", António Lobo Antunes, de 64 anos, é médico psiquiatra de formação, actividade que exerceu no hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, antes de se dedicar exclusivamente à escrita.

A experiência da sua passagem por Angola durante a Guerra Colonial, entre 1970 e 1973, inspirou muitos dos seus livros.

1979 é o ano que assinala o início oficial da sua carreira literária, com a publicação dos romances "Memória de Elefante" e "Os Cus de Judas", ambos editados pela Vega.

Na mesma editora, publica ainda "Conhecimento do Inferno" e "Explicação dos Pássaros", em 1980 e 1981, respectivamente.

Em 1983, travou amizade com José Cardoso Pires, que se tornaria um dos amigos mais presentes na sua vida, e começou a editar na Dom Quixote, com o romance "Fado Alexandrino", editora em que publicou toda a sua obra.

No mesmo ano, foi feita a primeira tradução de um título seu para uma língua estrangeira, inglês: "Os Cus de Judas" ("South of Nowhere").

A partir de 1985, dedicou-se totalmente à actividade literária, deixando aos poucos de exercer a psiquiatria, embora não tenha abandonado o hospital Miguel Bombarda, onde manteve alguns doentes.

Ainda em 1985, lançou "Auto dos Danados", romance que lhe valeria o Grande Prémio de Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE).

Em Abril de 1988 publicou "As Naus", cujo título original era "O Regresso das Caravelas", que não pôde utilizar porque alguém o tinha já registado.

"Tratado das Paixões da Alma" foi o romance que editou em 1990, ano em que o seu nome começou a ser referido como potencial "candidato" ao Prémio Nobel da Literatura.

Em 1995, publicou o primeiro "Livro de Crónicas", que dedicou ao homem que mais o marcou, o seu avô António.

A sua primeira mulher, Maria José Fonseca e Costa, de quem se separara em 1976, morreu em 1998, ano em que perdeu também o seu grande amigo José Cardoso Pires.

Em 1999, lançou "Exortação aos Crocodilos" e foi distinguido com o seu segundo Grande Prémio de Romance e Novela da APE e ainda com o Prémio D. Diniz da Fundação Casa de Mateus.

Esse ano ficaria igualmente marcado pela perda de outro grande amigo, Ernesto Melo Antunes, que considerava seu companheiro de guerra e da vida.

Em 2000 editou "Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura" e em 2001 "Que Farei Quando Tudo Arde?, inaugurando em Nelas uma rua com o seu nome.

Em 2002 comemorou 20 anos como autor na Dom Quixote e a editora publicou o seu "Segundo Livro de Crónicas", juntando- lhe uma «inédita e irrepetível» edição de "Letrinhas de Cantigas", poemas de António Lobo Antunes para o cantor Vitorino.

"Boa Tarde às Coisas Aqui Em Baixo", lançado em 2003, foi o primeiro romance seu com edição "ne varietur", coordenada por Maria Alzira Seixo.

2004 foi o ano da morte de seu pai, João Alfredo Figueiredo Lobo Antunes, e também o ano em que foi galardoado, pelo conjunto da sua obra, com um dos grandes prémios internacionais de literatura, o Prémio Jerusalém.

No mesmo ano, publicou "Eu Hei-de Amar Uma Pedra" e comemorou 25 anos de vida literária, também assinalados com edição da sua Fotobiografia por Tereza Coelho.

Em 2005, foi distinguido com a Grande Ordem de Santiago da Espada e as suas filhas, Maria José e Joana, publicaram, em Novembro, as cartas que escreveu à sua mulher durante o período que esteve em Angola, sob o título "D`este Viver Aqui Neste Papel Descripto - Cartas da Guerra".

O seu "Terceiro Livro de Crónicas" foi editado em 2006, tendo recebido, em Março, o Prémio José Danoso atribuído pela Universidade Chilena de Talca ao conjunto da sua obra.

Em Outubro do mesmo ano lançou o 18º romance, "Ontem não te vi em Babilónia".

Com um total de 26 títulos publicados e traduzido em 16 línguas, António Lobo Antunes recebeu, ao longo de 28 anos de carreira literária, distinções como o Prémio Internacional União Latina (2003), Prémio France Culture (1996 e 1997), Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (1985 e 1999) e o Prémio de Literatura Europeia do Estado Austríaco (2000), entre outras.
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