O Prémio Nobel da Paz foi atribuído ao Programa Alimentar Mundial (PAM) pelos esforços para combater a fome e para melhorar as condições para a paz em zonas de conflito, anunciou o Comité Nobel Norueguês.
O anúncio foi feito esta sexta-feira em Oslo pela presidente do comité, Berit Reiss-Andersen, que justificou a distinção do PAM com "os seus esforços para combater a fome, o seu contributo para melhorar as condições para a paz em áreas afetadas por conflitos e por agir como uma força motriz nos esforços para prevenir o uso da fome como uma arma de guerra e de conflito".
“O Programa Alimentar Mundial é a maior organização mundial humanitária a atuar no problema da fome e a promover a segurança alimentar. Em 2019, prestou assistência a quase 100 milhões de pessoas em 88 países”, frisou o comité.
“Até ao dia em que tenhamos uma vacina médica, a comida é a melhor vacina contra o caos”, defendeu a organização.
O Comité Nobel Norueguês relembra, no seu texto de atribuição do prémio, que “a ligação entre a fome e o conflito armado é um círculo vicioso” e que acontece em países como o Iémen, República Democrática do Congo, Nigéria ou Burkina Faso.
“A guerra e o conflito podem causar insegurança alimentar e fome, tal como a fome e a segurança alimentar podem causar conflitos latentes que originam o uso de violência. Nunca atingiremos o objetivo de abolição da fome se não pusermos fim à guerra e ao conflito armado”.
“A guerra e o conflito podem causar insegurança alimentar e fome, tal como a fome e a segurança alimentar podem causar conflitos latentes que originam o uso de violência. Nunca atingiremos o objetivo de abolição da fome se não pusermos fim à guerra e ao conflito armado”.
BREAKING NEWS:
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 9, 2020
The Norwegian Nobel Committee has decided to award the 2020 Nobel Peace Prize to the World Food Programme (WFP).#NobelPrize #NobelPeacePrize pic.twitter.com/fjnKfXjE3E
O Comité Nobel Norueguês espera, com a escolha de atribuir o prémio ao PAM, “virar os olhos do mundo para os milhões de pessoas que sofrem ou enfrentam a ameaça da fome”.
“O Programa Alimentar Mundial desempenha um papel-chave na cooperação multilateral para tornar a segurança alimentar um instrumento de paz e contribuiu fortemente para a mobilização de Estados-membros das Nações Unidas no sentido de combater a fome como arma de guerra e conflito”.
“O Programa Alimentar Mundial desempenha um papel-chave na cooperação multilateral para tornar a segurança alimentar um instrumento de paz e contribuiu fortemente para a mobilização de Estados-membros das Nações Unidas no sentido de combater a fome como arma de guerra e conflito”.
A organização “contribui diariamente para o avanço na fraternidade de nações que Alfred Nobel [químico e inventor sueco que doou a sua fortuna para criar o Prémio Nobel] dizia ser a sua vontade”, escreve o comité.
“O trabalho do Programa Alimentar Mundial para o benefício da humanidade é um esforço que todas as nações do mundo devem ser capazes de defender e apoiar”, acrescenta.
“O trabalho do Programa Alimentar Mundial para o benefício da humanidade é um esforço que todas as nações do mundo devem ser capazes de defender e apoiar”, acrescenta.
A lista de candidatos da edição de 2020 do Nobel da Paz tinha 211
pessoas e 107 organizações e o laureado irá receber o prémio de dez
milhões de coroas suecas (quase um milhão de euros), além de um diploma e
uma medalha.
Fome agravada pela pandemia preocupa PAM
Pedro Matos, coordenador do Programa Alimentar Mundial, disse à RTP que a nomeação foi motivo de contentamento. “Este é o reconhecimento de que o nosso trabalho é uma contribuição também para a paz no mundo”, afirmou.
O responsável explicou que a situação de fome no mundo se agravou fortemente com a pandemia, com o número de pessoas em insegurança alimentar grave a passar de 130 milhões para 170 milhões.
“Esta é uma altura em que os países tradicionalmente doadores se estão a virar para dentro e a fazer fortes investimentos no seu combate à pandemia, e estes são os países que contribuem com uma fatia maior para a resposta de emergência”, elucidou Pedro Matos.
Essa retração do financiamento é, assim, uma preocupação “numa altura em que temos um aumento imenso de necessidades financeiras para combater a insegurança alimentar no mundo”.
O coordenador do PAM explicou ainda que a distribuição de alimentos é sempre mais difícil em países em que “os próprios governos são vistos como uma parte do conflito” e relatou à RTP algumas das dificuldades nas negociações em países em guerra.
Pedro Matos, coordenador do Programa Alimentar Mundial, disse à RTP que a nomeação foi motivo de contentamento. “Este é o reconhecimento de que o nosso trabalho é uma contribuição também para a paz no mundo”, afirmou.
O responsável explicou que a situação de fome no mundo se agravou fortemente com a pandemia, com o número de pessoas em insegurança alimentar grave a passar de 130 milhões para 170 milhões.
“Esta é uma altura em que os países tradicionalmente doadores se estão a virar para dentro e a fazer fortes investimentos no seu combate à pandemia, e estes são os países que contribuem com uma fatia maior para a resposta de emergência”, elucidou Pedro Matos.
Essa retração do financiamento é, assim, uma preocupação “numa altura em que temos um aumento imenso de necessidades financeiras para combater a insegurança alimentar no mundo”.
O coordenador do PAM explicou ainda que a distribuição de alimentos é sempre mais difícil em países em que “os próprios governos são vistos como uma parte do conflito” e relatou à RTP algumas das dificuldades nas negociações em países em guerra.
Distinção com Nobel da Paz é "momento de orgulho"
O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas recebeu com orgulho a notícia da sua distinção com o Prémio Nobel da Paz, disse um porta-voz da organização momentos após o anúncio do Comité Nobel Norueguês.
"É um momento de orgulho", disse Tomson Phiri numa conferência de imprensa regular em Genebra, pouco após saber em direto que a sua organização tinha sido distinguida.
"Uma das belezas das atividades do PAM é que não só fornecemos alimentos para hoje e amanhã, mas também damos às pessoas os conhecimentos necessários para se proverem nos dias que se seguem", disse o porta-voz.
Fundado em 1961 com sede em Roma e integralmente financiado por contribuições voluntárias, o PAM diz ter distribuído 15 mil milhões de refeições e assistido 97 milhões em 88 países no ano passado.
Apesar da dimensão dos números, a organização diz que representam apenas uma fração das necessidades totais.
O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas recebeu com orgulho a notícia da sua distinção com o Prémio Nobel da Paz, disse um porta-voz da organização momentos após o anúncio do Comité Nobel Norueguês.
"É um momento de orgulho", disse Tomson Phiri numa conferência de imprensa regular em Genebra, pouco após saber em direto que a sua organização tinha sido distinguida.
"Uma das belezas das atividades do PAM é que não só fornecemos alimentos para hoje e amanhã, mas também damos às pessoas os conhecimentos necessários para se proverem nos dias que se seguem", disse o porta-voz.
Fundado em 1961 com sede em Roma e integralmente financiado por contribuições voluntárias, o PAM diz ter distribuído 15 mil milhões de refeições e assistido 97 milhões em 88 países no ano passado.
Apesar da dimensão dos números, a organização diz que representam apenas uma fração das necessidades totais.
c/ Lusa