As fadistas Raquel Tavares e Fernanda Maria, de gerações distintas do fado, são duas das artistas distinguidas este ano com os prémios atribuídos pela Fundação Amália Rodrigues, anunciou o júri.
Fernanda Maria, 69 anos, de quem foi editada este ano uma dupla antologia de mais de meio século de êxitos, é reconhecida com o prémio Carreira Feminina.
A artista é considerada uma das figuras mais importantes do fado, contando com mais de 80 registos discográficos e gravações como "Não passes com ela à minha rua" (de Carlos Conde e Miguel Ramos).
Na segunda edição dos Prémios Amália Rodrigues, atribuídos pela fundação com o nome da diva do fado e divulgados hoje, a jovem fadista Raquel Tavares foi eleita a Revelação Feminina de 2006.
Raquel Tavares, 21 anos e vencedora da Grande Noite do Fado, editou este ano o primeiro álbum, com o seu nome, com fados tradicionais.
No total, o júri destes prémios de música distingue 18 personalidades em várias categorias, do fado amador ao melhor intérprete de guitarra portuguesa, do melhor poeta de fado ao artista revelação masculino.
O poeta e fadista António Rocha, considerado "o grande estilista do fado", foi distinguido com o prémio Carreira Masculina.
Duarte, psicólogo alentejano de 26 anos, que lançou em 2004 o álbum de estreia "Fados Meus", receberá o galardão como Revelação Masculina.
Cristina Branco, que tem estado a apresentar ao vivo um espectáculo de homenagem a Amália Rodrigues, recebe o prémio internacional, enquanto a Ronda dos Quatro Caminhos é premiada na área da música étnica.
O prémio para melhor viola vai para Jorge Fernando, músico, compositor e produtor que em 2005 celebrou 30 anos de carreira, enquanto Marino Freitas receberá o galardão como melhor viola baixo.
Ricardo Rocha, neto do guitarrista Fontes Rocha, autor do duplo álbum "Voluptuária", foi eleito o melhor intérprete de guitarra portuguesa.
Com mais de 40 anos de carreira, Maria da Fé foi eleita pelo júri a melhor intérprete feminina e António Zambujo, que editou em 2004 o álbum "Por meu cante", a melhor voz masculina.
O álbum "O outro lado do fado", de Lenita Gentil, fadista com 35 anos de vida artística, foi votado como o melhor registo de fado.
Mário Raínho, autor de poemas interpretados por nomes como Mariza e Joana Amendoeira e de várias peças de teatro de revista, merece, segundo o júri, o prémio de melhor poeta de fado.
Mário Pacheco (compositor de fado), Manuel Domingos (fado amador), Orfeon Académico de Coimbra (música sinfónica) e Durval Moreirinhas e Jorge Tuna (Fado de Coimbra) foram os restantes premiados nesta segunda edição.
Este ano, a Fundação Amália Rodrigues decidiu criar uma nova categoria, denominada "Prémio Amália Rodrigues de Ensaio e Divulgação", destinada a personalidades ou instituições que se tenham destacado nessas duas áreas.
O galardão será atribuído ao musicólogo Rui Vieira Nery, que recentemente editou o livro "Para uma história do fado".
Os Prémios Amália Rodrigues serão entregues dia 29, numa cerimónia marcada para o Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.
Cada homenageado receberá uma estatueta em bronze simbolizando a figura de Amália Rodrigues, criado pelo escultor Ruy Fernandes.
O júri dos prémios deste ano é presidido por Fernando Machado Soares e composto ainda pela gestora do Museu do Fado, Sara Pereira, pela actriz Alina Vaz, pelo jornalista Nuno Lopes e pelo poeta José Luís Gordo.
A Fundação Amália Rodrigues foi instituída por vontade testamentária da fadista, tendo sido oficialmente criada a 10 de Dezembro de 1999, dois meses após a sua morte.