Realizadora moçambicana documenta imigração chinesa "sem preconceitos"

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Maputo, 12 set (Lusa) -- A China ainda não é um parceiro de desenvolvimento dos países africanos, afirmou à Lusa a realizadora moçambicana Yara Costa, autora de um documentário "sem preconceitos" sobre imigração chinesa em África.

"A China poderia ser um ótimo parceiro económico, ajudando a resolver muitos dos problemas sérios e graves de África, mas, infelizmente, não é isso que se vê por enquanto", defendeu a realizadora moçambicana Yara Costa.

Numa entrevista à agência Lusa, Yara Costa, autora do filme "Porquê aqui? Histórias de chineses em África", explicou os motivos que a levaram a retratar este tema em documentário, incluído no festival festival moçambicano Dockanema.

"A ideia de África ser um destino para tantos imigrantes vindos da China era intrigante. O que se dizia sobre a nova onda de imigração chinesa para tantos países africanos era muitas vezes baseado em preconceitos e desconhecimento total sobre estas pessoas", declarou Yara Costa.

O documentário, que relata a vivência de três imigrantes chineses em África, foi filmado em Moçambique, Lesoto e Gana.

"Queria mostrar que essa imigração está a acontecer em todo o continente, seja numa pequena ilha no litoral, em uma aldeia remota de um país do interior ou em grandes capitais. Assim, a Ilha de Moçambique, Semonkong e Acra encaixaram perfeitamente", disse.

Na opinião de Yara, a mediatização do fenómeno da imigração chinesa no continente africano está relacionada com motivos de ordem política e financeira.

"A presença chinesa em África veio acabar com a exclusividade e dependência das relações económicas dos governos africanos com algumas organizações financeiras internacionais, criando-se a possibilidade de escolha e mais instrumentos de negociação", disse.

Referindo-se a alguns conflitos de ordem sociocultural que tem pautado as relações dos empresários chineses com a população moçambicana, Yara Costa defendeu que na base destas problemáticas estão questões de "negligência das autoridades locais".

"Esta situação só acontece porque eles (empresários) sentem que podem ter este tipo de comportamento sem sofrerem nenhuma consequência legal", disse.

Neste momento, Yara Costa está a filmar um documentário em três países do continente americano sobre o Ano Internacional da Afrodescendência e espera regressar em outubro a Moçambique para dirigir um documentário institucional encomendado por uma ONG.

O documentário "Porquê aqui? Histórias de chineses em África" estará esta semana em exibição no festival moçambicano Dockanema, que decorre até ao dia 18 em Maputo.

 

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