Realizadora portuguesa Susana de Sousa Dias convidada de honra do Festival de Amesterdão

A realizadora portuguesa Susana Sousa Dias é a convidada de honra da edição deste ano do Festival Internacional de Documentário de Amesterdão (IDFA), a decorrer de 13 a 23 de novembro, anunciou hoje a organização do certame.

Lusa /

A obra de Susana Sousa Dias será "celebrada com uma retrospetiva", que inclui a estreia mundial do seu mais recente filme, "Fordlândia Panacea" (2025), e documentários anteriores como "Natureza Morta" (2005), "48" (2009), "Luz Obscura" (2017), "Fordlandia Malaise" (2019), "Viagem ao Sol" (2021) e "Processo Crime 141/53 - Enfermeiras no Estado Novo" (2001), que será exibido com o filme-ensaio "Pós-Processo Crime".  

Na apresentação da realizadora portuguesa, o festival destaca a "visão abrangente" e "a abordagem singular" do seu cinema, destacando o modo como recorre "às imagens de arquivo e à forma cinematográfica" para "questionar a ditadura, os legados coloniais e o frágil terreno da memória", sempre "intransigente na criação de contra-arquivos dissidentes", como se lê no `site` do IDFA.

"Ao criar espaço para distanciamento e reflexão, o seu trabalho leva-nos a questionar como as histórias políticas são contadas através do cinema e como abordamos a narração do passado. Em vez de usar imagens de arquivo como mera ilustração, [Susana Sousa Dias] reestrutura essas imagens de poder para revelar histórias apagadas de violência e resistência à autoridade", lê-se no anúncio do festival.

O novo filme da realizadora, "Fordlândia Panacea", a estrear-se em Amesterdão, "dá continuidade ao trabalho iniciado com `Fordlandia Malaise` (2019), abordando a história da `company-town` fundada por Henry Ford na Amazónia e revelando novas descobertas arqueológicas indígenas que desafiam a visão da localidade como `cidade utópica` ou `cidade-fantasma`", indica a produtora Kintop, em comunicado.

Como parte da homenagem a Susana de Sousa Dias, a realizadoa foi ainda convidada a definir uma "seleção pessoal" de dez filmes (Top 10), que vai incluir obras como "Monangambééé", de Sarah Maldoror e "Images of the World and the Inscription of War" de Harun Farocki, a exibir numa secção especial dedicada à memória coletiva e à reescrita de narrativas políticas.

"As Armas e o Povo", documentário do Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica, rodado entre 25 de Abril e o 1.º de Maio de 1974, "Rosa da Areia", de Margarida Cardoso, "Río Turbio", de Tatiana Mazú González, "Dal polo all`equatore", de Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucch, "R 21 aka Restoring Solidarity", de Mohanad Yaqubi, são outros filmes que fazem parte desta "seleção pessoal".

De acordo com o festival, "uma conversa prolongada com a convidada de honra, Susana de Sousa Dias, será o ponto alto desta edição".

Em 2020, o documentário "48", de Susana Sousa Dias, foi exibido no IDFA, no âmbito do Top 10 programado pelo convidado de honra desse ano, o realizador italiano Gianfranco Rossi.

O IDFA, um dos mais importantes festivais dedicados ao cinema documental, teve entre convidados de honra de edições anteriores cineastas como Agnès Varda, Werner Herzog, Laura Poitras, Gianfranco Rosi e Wang Bing.

Entre outros filmes anunciados hoje para a próxima edição do festival, encontram-se "State Legislature", de Frederick Wiseman, "How to Build a Library", de Maia Lekow e Christopher King, e "Checks and Balances", de Malek Bensmaïl, "Nothing to See Here", de Celine Daemen, e "Handle with Care", de Ontroerend Goed.

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