Recuperação da Copa dos Frescos de Monserrate será "engenharia ao serviço da conservação
A empreitada da Parques de Sintra para a recuperação das coberturas do Palácio de Monserrate inclui a Copa dos Frescos, numa intervenção de "engenharia ao serviço da conservação e restauro", avança fonte oficial da sociedade que gere o monumento.
A Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML), que gere jardins históricos e monumentos na área classificada da Paisagem Cultural de Sintra, iniciou a recuperação das coberturas e da área da Copa dos Frescos do Palácio de Monserrate.
Os trabalhos vão decorrer até final do primeiro trimestre de 2027, num investimento de "cerca de 3 milhões de euros", e visam assegurar "a conservação e a estabilidade das coberturas e elementos estruturais associados, bem como a preservação dos paramentos exteriores e elementos constituintes e da integridade material da Copa dos Frescos", explicou a empresa.
"A Copa dos Frescos é, quase que em jeito de brincadeira, engenharia ao serviço da conservação e restauro", afirmou à Lusa o diretor do Património Construído da PSML, João Cortês.
O espaço, sob um dos terraços a sul do palácio, apresenta "problemas graves ao nível de infiltrações que, ao longo dos anos, foram comprometendo" os "perfis metálicos que dão sustento às abobadilhas" e, neste momento, "é completamente inviável a recuperação e irreversível o fenómeno de degradação", acrescentou.
O diretor técnico explicou que a intervenção "vai exigir remover parcialmente alguns dos painéis azulejares, retirar, depois do devido escoramento" os perfis existentes, "colocar novos, com materiais modernos que vão impedir que o fenómeno volte a suceder, nomeadamente aço inox" e "reaplicar os mesmos azulejos".
"Portanto, aqui o único material distinto e novo, que também contribui para a autenticidade da intervenção, é de facto a utilização do aço inox", mas o "método construtivo continua a manter-se exatamente o mesmo", salientou João Cortês.
As vigas que sustentam as abobadilhas da copa mostram-se totalmente enferrujadas e corroídas, no espaço adjacente à cozinha, enquanto à superfície a claraboia deixou de estar inserida num canteiro para minimizar os danos pela água.
"Com este tipo de intervenção um bocadinho mais profunda e que nunca foi feito, aqui já estamos confiantes e confortáveis que vamos conseguir, de uma vez por todas, acabar com as infiltrações nesse espaço", considerou o técnico.
Enquanto decorrem trabalhos de manutenção regular numa área técnica no acesso à copa, a intervenção geral engloba a reabilitação das estruturas de suporte das coberturas, limpeza, consolidação e restauro dos revestimentos, e correção dos sistemas de drenagem e impermeabilização.
Os trabalhos contemplam ainda "a recuperação dos revestimentos pétreos e decorativos, respeitando os materiais e técnicas construtivas originais", segundo a empresa.
"O chumbo traz os seus desafios, as caleiras também, pela escala, pelo peso, as caleiras em ferro fundido também vão ser bastante desafiantes, portanto, elas vão ter que ser integralmente desmontadas, tratadas e depois remontadas", admitiu João Cortês, além da dificuldade colocada pela "reprodução das telhas".
A propriedade, votada ao abandono por vários e longos períodos, foi arrendada pelo comerciante inglês Gerard de Visme, que mandou construir um castelo ao estilo neogótico, tendo passado por lá também o escritor inglês William Beckford, antes da compra por Francis Cook.
O parque e o palácio foram adquiridos em 1949 pelo Estado português e, após anos de abandono e pilhagem, e depois da classificação de parte da serra e da vila de Sintra pela UNESCO como Património Mundial, em 1995, a gestão foi entregue em 2000 à PSML.
O monumento vai ser rodeado por andaimes e ter uma cobertura durante as obras, mas João Sousa Rego, presidente da PSML, sublinhou que a empresa adota "a metodologia `aberta para obras`", mantendo a visitação em condições de segurança, enquanto decorrem os trabalhos.
O responsável frisou que cada monumento tem "um plano estratégico plurianual de manutenção" e, em breve, irá iniciar-se uma intervenção na Capela Real do Palácio Nacional de Sintra, que "será também uma obra visitável".