Reedição de "O Mistério da Estrada de Sintra"
A reedição da primeira edição ilustrada de "O Mistério da Estrada de Sintra" de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, considerado o primeiro romance policial português, é apresentada quinta-feira em Lisboa.
A apresentação do livro, editado pela Parceria A.M. Pereira, decorre no Círculo Eça de Queiroz e será feita pelo estudioso da obra do escritor, A. Campos de Matos, autor do preâmbulo da reedição, e também pelo investigador Bigote Chorão.
A reedição da obra inclui uma introdução e notas de A. Campos de Matos, estudioso da obra de Eça de Queirós, que refere as diferentes "variações do texto" ao longo das sucessivas edições, nomeadamente ainda durante a vida de Eça de Queirós.
O romance veio a lume pela primeira vez em 1870, publicado em capítulos entre 24 de Julho e 27 de Setembro, no Diário de Notícias.
O projecto de Eça e Ramalho, como confessaram os autores no prefácio da edição de 1884 era "acordar a berros a Lisboa amodorrada desses tempos".
Segundo Ramalho Ortigão, os dois autores foram escrevendo "revezadamente por espaço de dois meses acompanhando a publicação, e fazendo na véspera o folhetim do outro dia".
A obra ilustrada foi editada pela primeira vez, por esta mesma editora, em 1885, seguindo a edição revista por Eça, em 1884.
Da publicação no jornal a obra é editada em livro, vindo a servir de inspiração a outros folhetins.
O poeta António Feijó publica em 1880 no Comércio do Lima "O mistério da Estrada de Ponte de Lima", que seria posteriormente glosada no semanário humorístico portuense O Porto Cómico, e inspirou ainda uma opereta.
Para A. Campos de Matos, que coordenou as comemorações queirosianas do Instituto Camões, em 2000, esta é a primeira tentativa "ficcional de fôlego que marca o trajecto literário de Eça de Queirós" que conta com a colaboração de Ramalho Ortigão.