Ribeira das Naus, em Lisboa, atrai centenas de turistas

Nasceu um novo espaço na cidade de Lisboa, a Ribeira das Naus. A requalificação deste espaço público, na frente ribeirinha da baixa pombalina é um projeto que pretende recriar o lugar onde eram recuperadas as antigas naus das descobertas.

Sandra Salvado, RTP /
Fotos: Pedro Pina/RTP

O passeio é temperado com um cheiro a rio e os passos mais ou menos apressados nas ruas sem trânsito, junto ao Tejo, animam turistas portugueses e estrangeiros.

Com o fim das obras que cobriam há várias décadas a Ribeira das Naus, Lisboa ficou ainda com mais encanto. Com hora marcada ou não, os reencontros acontecem.



“Sinto o cheiro quando era garota e vinha até aqui de elétrico com o meu pai. É o cheiro da minha infância”, diz emocionada Zélia Lopes, de 62 anos, com um brilhozinho nos olhos.

As obras permitiram devolver ao público a Doca da Caldeirinha, uma estrutura que remonta a 1500 e que está hoje coberta de água, podendo ser atravessada através de um passadiço em madeira, a Doca Seca onde desde o século XVII eram recuperadas embarcações e um novo jardim com vista privilegiada para o rio. Uma zona usufruída em pleno por centenas de turistas.

Sentado na rampa em pedra, mesmo à beira do rio Tejo e sem t-shirt, José Rodrigues, alentejano a viver em Lisboa, aproveita o tempo para ler. “Pela primeira vez sento-me aqui a ler e uma vez por semana faço todo este percurso a pé. A água não experimento, sou muito esquisito com as águas mas o espaço está espetacular. Há muito que precisávamos de um espaço destes, tal como já existem noutras capitais europeias”.

Elisabeth e Simone Kamler são dinamarquesas. Estão em Portugal pela primeira vez. Por isso, tudo é novidade. “O passeio à beira rio é muito bom. Gostamos muito de Lisboa e neste local aproveitamos para tirar uma boas fotografias”.

A requalificação da Ribeira das Naus entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré custou dez milhões de euros e foi apoiada pelo QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional).

Circulação automóvel com restrições

A circulação automóvel na Ribeira das Naus, que liga o Cais do Sodré ao Terreiro do Paço, será retomada em setembro, mas com muitas restrições. Ao fim de semana e durante as férias escolares, o trânsito será cortado.

Rua Bernardino Costa (Foto: Pedro Pina/RTP)

A Câmara Municipal pretende que "as pessoas circulem com o máximo conforto possível e que simultaneamente possam fruir com a melhor qualidade possível o espaço público que a cidade dispõe".

Será construído um novo terminal de cruzeiros na zona nascente do Terreiro do Paço, cujas obras deverão começar até final deste ano. Vai ser criado também um parque de estacionamento no Campo das Cebolas, para o qual já estão a ser feitas sondagens, e decorrerá ainda uma requalificação do Cais do Sodré.

Os comerciantes da zona do Cais do Sodré gostam da obra mas dizem que perderam muito. “Tiraram daqui o terminal dos barcos e, por isso, perdemos muitos clientes, adianta Antero Fialho, há 10 anos no quiosque do Cais do Sodré.

O trânsito na Avenida Ribeira das Naus foi cortado em abril, para finalizar os trabalhos de requalificação daquela zona da cidade, mas muitos dos comerciantes, manifestam o seu descontentamento com o caos criado no trânsito, que foi desviado para a Rua do Arsenal e Bernardino Costa, com constantes engarrafamentos ao longo do dia.

Para o arquiteto paisagista João Nunes, “esta obra permitiu retomar um contacto muito direto entre os cidadãos e o rio e retomar as geometrias e os espaços que antes existiam".

Esta é a segunda fase de um plano que teve início, em 2008, e que prevê intervenções nos 19 quilómetros que constituem a frente ribeirinha, cujo objetivo é estimular a relação entre a cidade e rio Tejo.
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