Ricardo Araújo Pereira apresenta crónicas brasileiras e compara Bolsonaro a "bestas" da ditadura

por Lusa

O humorista Ricardo Araújo Pereira afirmou hoje que, no Brasil, o Carnaval é mais respeitável que a Câmara dos Deputados, e comparou o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) a "bestas" e "idiotas", defensores da ditadura militar.

"No carnaval, uns energúmenos quaisquer inscreveram-se para sambar, em celebração não só da ditadura militar, mas também das torturas da polícia política", contou Ricardo Araújo Pereira durante a apresentação do livro "Estar Vivo Aleija".

Na obra que compila as crónicas publicadas durante o último ano e meio no jornal Folha de S. Paulo, no Brasil, o humorista lembra que o grupo foi proibido de participar nos desfiles carnavalescos, e que, na obra, se manifesta "contra essa proibição, porque um idiota deve poder sambar".

A história foi contada em resposta a uma pergunta de uma leitora sobre se o humorista tencionava escrever sobre o candidato à presidência do Brasil Jair Bolsonaro (PSL).

"Acho perigoso que, no Brasil, o Bolsonaro possa dizer, na Câmara dos Deputados, `eu voto pela destituição da Dilma em homenagem ao homem que a torturou` e depois, no Carnaval, as mesmas bestas não possam sambar", afirmou, acrescentando que tal "significa que, no Brasil, o Carnaval é mais respeitável que a Câmara dos Deputados".

A crítica ao candidato à presidência do Brasil foi, a par da morte de um dos seus cães, em que se emocionou, dos poucos momentos sérios do encontro de Ricardo Araújo Pereira, hoje, com o público do Folio -- Festival Literário Internacional de Óbidos.

No espaço da editora Tinta-da-China, o humorista falou perante mais de uma centena de pessoas que, meia hora antes da sessão, já tinham enchido a sala, fazendo com que muitos leitores já não pudessem assistir.

A apresentação do livro, que a editora Bárbara Bulhosa (Tinta-da-China) considerou "o melhor" do autor, ficou marcada por hora e meia de tiradas de humor, com alusões a Cavaco Silva (anterior presidente da República de Portugal), que "os brasileiros não conhecem e são um povo muito mais feliz", ou Marcelo Rebelo de Sousa (atual presidente).

"O meu trabalho é fazer pouco do Presidente da República", afirmou Ricardo Araújo Pereira, garantindo à assistência que nunca será "uma hipótese de candidato a presidente", porque tal seria "uma despromoção" que não está disposto a aceitar.

"É melhor para a sociedade que eu tenha uma profissão em que não tenho responsabilidade nenhuma", disse o humorista, que em Óbidos confirmou que, em janeiro, vai voltar à Rádio Comercial.

A apresentação do livro de Ricardo Araújo Pereira foi hoje um dos destaques da programação da Editora Tinta-da-China no Festival Folio, que decorre na vila até ao dia 07 de outubro.

Dividido em cinco capítulos (Autores, Folia, Educa, Ilustra e Boémia) o festival proporciona 831 horas de programação que envolverão 554 participantes diretos, entre autores, pensadores, artistas e criativos que participarão nas 26 mesas de escritores, 25 concertos e 13 exposições que integram o programa com mais de 185 atividades.

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