Rotunda das Locomotivas mostra peças emblemáticas do património ferroviário

Entroncamento, Santarém, 20 Jun (Lusa) - Pintadas e lavadas, onze locomotivas, a vapor, diesel e eléctricas, e duas carruagens, entre as quais a que transportou os presidentes da República a partir dos anos 1930, perfilam-se na semi-círculo da "Redonda", primeira peça do futuro Museu Nacional Ferroviário.

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Num percurso pelas origens dos caminhos-de-ferro em Portugal - explicado em pequenos painéis e em PDAs (que estão a ser desenvolvidos para que a informação áudio seja acompanhada por pequenos vídeos) -, a Rotunda das Locomotivas, hoje inaugurada, abre o véu do vasto espólio da Fundação Museu Nacional Ferroviário que, pelo menos em parte, tem estado escondido.

Com a promessa de, na próxima década, transformar os 46.500 metros quadrados propriedade da Fundação, junto à estação ferroviária do Entroncamento, num complexo museológico moderno e inovador, a "Redonda" vem juntar-se aos 10 núcleos museológicos espalhados pelo país.

O edifício, da autoria do arquitecto Abílio Junqueira, "abre" para a placa giratória que tirava as locomotivas da "cocheira" e as colocava na linha, constituindo a primeira peça de um complexo museológico orçado em 40 milhões de euros, hoje apresentado pelo arquitecto Carrilho da Graça.

Entre as peças que é possível ver na "Redonda" contam-se as primeiras locomotivas eléctricas existentes em Portugal, introduzidas em 1948 e 1950 na linha de Cascais, a primeira baptizada com o nome de "Amália", devido à potência da sua buzina, e a segunda com o nome da sua irmã "Celeste".

A carruagem presidencial - que depois de ter transportado os presidentes Óscar Carmona, Craveiro Lopes e Américo Tomás foi colocada a circular na linha do Algarve, viu o conforto dos seus pequenos "salões" recuperado - mereceu uma visita por parte da comitiva que hoje inaugurou a Rotunda das Locomotivas.

A carruagem-hospital, que servia para prestar cuidados de saúde aos funcionários dos caminhos-de-ferro que não podiam recorrer aos postos fixos, é outra das atracções desta exposição.

As primeiras locomotivas a vapor a circular em Portugal, as primeiras a diesel, uma automotora Allan, adquirida num lote de 41 no âmbito do Plano Marshall, são outras das peças emblemáticas que podem ser visitadas a partir deste fim-de-semana no Entroncamento.

O edifício da Rotunda representou um investimento de cerca de 1 milhões de euros, financiado em 46 por cento pelo Plano de investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC/Transportes) e em 56 por cento por fundos comunitários através do Programa Operacional de Cultura.

Carlos Frazão, presidente da Fundação Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado, frisou que em pouco mais de dois anos, desde que foi constituída, a Fundação conseguiu que um projecto sonhado desde os anos 1960 "comece a tomar forma".

Segundo disse, a próxima fase do museu passa pela recuperação do armazém de víveres, que desde há um ano tem acolhido exposições temporárias, e da oficina do vapor.

A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, que inaugurou a Rotunda das Locomotivas juntamente com a secretária de Estado da Cultura, Paula Santos, realçou o facto de a inauguração coincidir com os 17 anos da elevação do Entroncamento a cidade e com os 150 anos do caminho-de-ferro em Portugal.

O presidente da Câmara Municipal do Entroncamento, Jaime Ramos (PSD), aproveitou a presença da governante e dos presidentes da Refer e da CP para pedir que os muitos estudos realizados passem finalmente a obra, frisando que a cidade merece "uma estação moderna e segura".

MLL.


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