RTP. Novo contrato de concessão contempla novas plataformas digitais

por Inês Geraldo - RTP
RTP assinou esta sexta-feira novo contrato de concessão Pedro A. Pina - RTP

A RTP assinou esta sexta-feira um novo contrato de concessão. Em dia de 68.º aniversário, Nicolau Santos explicou as novidades de um novo contrato que terá duração até 2031 e trará novas competências ao serviço público, numa nova era que para além da televisão e da rádio contemplará pela primeira vez as novas plataformas digitais muito presentes nos dias de hoje para quem consome informação.

Em entrevista à RTP, Nicolau Santos explicou que o contrato de concessão assinado esta sexta-feira, dia de aniversário da Rádio e Televisão de Portugal, desde a última revisão, em 2015, o mundo mudou e o modo com várias entidades atuam dentro da RTP também, destacando o novo mundo digital.

“Houve uma emergência fortíssima do digital e houve públicos que deixaram de ver televisão ou de ouvir rádio pelos meios tradicionais e passaram a chegar a esses conteúdos através das plataformas digitais. Estas mudanças exigiam claramente que o contrato de 2015, que nunca falava no digital, fosse adaptado a esta nova realidade”, explicou o presidente do Conselho de Administração da RTP.

Nicolau Santos lembrou que a vertente digital tem de ser cada vez mais central nas redações e lembrou que na redação da BBC, a redação digital é o centro, com ligação a todas as editorias de informação. Questionado sobre se a RTP não está atrasada nesta questão, Nicolau Santos lembrou a RTP Play e a concorrência que faz com o streaming.

Em relação à informação, o presidente do Conselho de Administração admitiu que é necessário aproximar as redações de televisão e rádio à redação multimédia da RTP e que novas contratações possam apresentar capacidades multiplataforma para dar um passo em frente.
Publicidade, um tema ainda a ser discutido

Depois do anúncio de Luís Montenegro de que a RTP deveria não ter publicidade, a verdade é que o novo contrato de concessão ainda fala de verbas vindas da publicidade para o serviço público e Nicolau Santos admitiu que essas são verbas bem-vindas devido ao congelamento da contribuição audiovisual e diz que seria ideal haver maneiras alternativas de ter mais receitas.

“Neste contrato de concessão ficaram de fora a proibição de captarmos receitas na área digital. É fundamental para a RTP que na área digital e não faria sentido estarmos aí sem conseguirmos captar essa receita”.

Lembrando que a contribuição audiovisual representa 80 por cento das receitas da RTP e que o serviço público está subfinanciado e que não recebe tanto dinheiro como as congéneres grega e espanhola.

Sobre a maior flexibilidade de decisões do Conselho de Administração, a ERC e o Conselho de Opinião deixaram críticas e Nicolau Santos explicou que pode haver vertentes em que pode haver cortes, sem nunca falar em ruturas dentro da RTP.
Encerramento de canais: sim ou não?

Uma das grandes questões sobre o funcionamento da RTP prende-se com o possível encerramento de canais. Nicolau Santos afirmou que existem sempre questões sobre como servir melhor o seu público e que há uma reflexão obrigatória a ser feita no futuro.

“Nós temos sondagens e inquéritos de opinião junto das comunidades de emigrantes e o que constatamos, é que no domínio da rádio, as comunidades emigrantes ouvem muito mais a Antena 1 e praticamente não ouvem a RDP Internacional. E a pergunta é: não podemos levar os trabalhadores da parte da RDP Internacional para trabalhar na Antena 1?”.

Sobre a televisão, Nicolau Santos deu uma garantia: não há hipótese de deixar de existir RTP3, o canal noticioso da RTP. “O serviço público de informação tem de ter um canal de informação. Ponto final, parágrafo”. No entanto, o presidente do CA diz também que há muito que pode vir a ser melhorado.
Plano de rescisões

Nicolau Santos garante que tem condições para avançar e que vai avançar com os vários diretores a serem informados na próxima semana sobre as condições do plano de rescisões voluntárias.

“O que é que está em cima da mesa, difícil de resolver? Nós queremos ligar o plano de saídas voluntárias também a um plano de contratação de pessoas. Saem duas, entra uma. Essa parte ainda não está garantida”.
As audiências da RTP

Questionado sobre se está satisfeito com as audiências dos canais da RTP, Nicolau Santos lembrou que desde 2002, as audiências dos três canais generalistas caíram perto de 50 por cento.

“Dito isto, obviamente, não nos podemos conformar. Há duas estratégias. Uma, é efetivamente para públicos que nem sequer se cruzam connosco, públicos mais jovens, nós desenvolvermos nas plataformas digitais produtos concretos para essas pessoas”.

Mesmo assim, o presidente do Conselho de Administração da RTP acredita que as audiências são demasiado pequenas para o grande universo que serve e lembrou o trabalho da RTP2, única em Portugal, e a RTP3, considerando necessário que as audiências sejam muito melhores, especialmente na informação.
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