Rui Rio acusa Manuel Leitão de "práticas estalinistas" e pede 20 mil euros e desculpas públicas

Porto, 21 nov (Lusa) -- O presidente da Câmara do Porto acusa Manuel Leitão de "práticas estalinistas", pede 20 mil euros e um pedido de desculpas público no processo judicial movido contra o autor da revista que trazia na capa "Rio és um fdp".

Lusa /

A ação movida pelo autarca, a que a Lusa teve hoje acesso, corre termos no Tribunal das Varas Cíveis da Comarca do Porto desde 24 de julho e acusa Manuel Leitão "de difamação e injúria agravadas".

O processo conta desde dia 08 com a contestação do empresário, na qual Rui Rio é criticado pelo "autoritarismo tirano e cego" e se prossegue com o debate sobre o significado de "fdp".

"A sigla `fdp` não é insultuosa ou difamatória", por questões de "espaço e aceleração de escrita, o uso de siglas é inevitável", o criador da sigla é "quem seleciona as palavras a abreviar" e "não se encontrará dicionário que estabeleça um sinónimo para `fdp`" são alguns dos argumentos usados pela defesa de Manuel Leitão.

Para a advogada do empresário, "ao contrário do que Rui Rio alega, as iniciais `fdp` não têm comummente o sentido de filho da puta na língua portuguesa".

A inscrição da revista "quis significar fanático dos popós" e no episódio do alegado puxão de orelhas a Rio -- que levou o empresário a ser constituído arguido pelo Ministério Público -- a sigla da camisola do empresário "quer significar fora do Porto", assegura a jurista.

Este processo surgiu na sequência da providência cautelar apresentada em julho para impedir a distribuição da publicação, deferida pela juíza com a conclusão de que Manuel Leitão quis chamar "filho da puta", e não "fanático dos popós" ao presidente da Câmara do Porto.

O advogado de Rio pede agora a condenação do empresário a "um pedido de desculpas públicas" e ao pagamento de 20 mil euros pelos "graves danos na consideração, bom nome, respeito, honra e prestígio" do autarca.

Falando na "ressurreição das mais condenáveis práticas estalinistas de assassínio e apagamento de personalidades e figuras, algo jamais visto e nunca ouvido num regime democrático", o causídico acusa Leitão de se julgar "acima da lei", ignorando "de forma olímpica o cumprimento das medidas cautelares decretadas" através de "subterfúgios não toleráveis".

Para a defesa, a ação "não passa de um emaranhado de rotundas falsidades ou malévolas deturpações, com uma adjetivação intolerável, descabida e inoportuna, essa sim insultuosa e ofensiva, própria de quem exerce um autoritarismo tirano e cego".

O valor da indemnização é classificado com uma "pretensão de enriquecimento indevido" e os reparos chegam ao bairro do Aleixo, "cujas torres cedem ruidosamente [...] aos poderosos interesses de investimentos imobiliários sem rosto", acusa a advogada de Manuel Leitão.

Rio é culpado de "tudo baralhar e confundir", de usar "a Câmara como prolongamento da sua personalidade" e agir "como se fosse dono do poder e do cargo que ocupa", ao contrário "da Câmara de Gaia, disposta a permitir a distribuição das revistas", considera ainda a advogada.

O documento comprovativo da alegação é um e-mail do vereador da autarquia gaiense Mário Fontemanha, na qual este refere que "mandava a prudência institucional que suspendêssemos a continuidade da distribuição desse número".

Fontemanha acrescenta estar "inteiramente ao dispor para distribuição de outros números", facto que levou Manuel Leitão a comunicar a entrega de 100 exemplares da polémica edição no posto de turismo da beira-rio, por ter sido "retirada da capa a inscrição" que Rui Rio "requereu que fosse".

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