Salvador Sobral: “Foi o ano mais díspar que alguém poderia imaginar”

por Andreia Martins - RTP
O vencedor da Eurovisão em entrevista à RTP: ”O coração é só um músculo, a alma fica lá e é a mesma, diria eu” Foto: Gleb Garanich - Reuters

Em entrevista à RTP depois do transplante de coração, o vencedor do Festival Eurovisão da Canção falou sobre as experiências extremas que viveu no ano de 2017. Salvador Sobral diz que continua igual ao Salvador pré-operação e que já começou a trabalhar no segundo álbum.

Depois do turbilhão de emoções por que passou no ano de 2017, Salvador Sobral está próximo de regressar aos palcos para fazer o que mais gosta.

Em entrevista esta quinta-feira no Telejornal da RTP, o músico falou sobre as duas experiências únicas que viveu nos últimos 12 meses, desde a vitória inédita de Portugal no “maior concurso de música pop” ao transplante de coração que o obrigou a parar por quatro meses.

“Foi o ano mais díspar que alguém poderia imaginar”, admitiu o músico nesta entrevista conduzida pelo jornalista João Adelino Faria.

Sobre o transplante de coração, Salvador Sobral diz que foi “uma experiência fora desta realidade que não poderia descrever em palavras”. Não se sente diferente, apesar do novo órgão: ”O coração é só um músculo, a alma fica lá e é a mesma, diria eu”.

O intérprete prefere retirar o foco da operação a que foi submetido e ver a questão pelo lado prático.

“Havia este problema e foi resolvido. Vamos lá começar a tocar que é aquilo que eu gosto”, refere. Por agora, prefere não saber de onde veio o coração que recebeu.

Salvador Sobral diz que a experiência o influenciou “de uma forma muito física” e que a voz ficou mais frágil nestes últimos meses. Ainda não está plenamente em forma, “mas há-de chegar lá”, confia.
Segundo álbum a caminho
Nesta entrevista, o cantor não esconde o receio que teve desta operação. ”Seria um cubo de gelo se não tivesse medo”, refere o músico, que considera que "ainda é cedo" para apurar qual a influência que as provações dos últimos meses poderão ter na sua carreira.

Confessa que se vê mais como intérprete e não como compositor e que vai regressar aos palcos em breve, com os primeiros espetáculos a decorrerem nos Açores e na Madeira.

Salvador Sobral admite que a fama e reconhecimento mundiais ainda lhe são estranhos ao fim de tantos meses, e que é "engraçado e um bocadinho insólito" que tantos outros músicos interpretem as suas canções.

Depois da vitória no Festival Eurovisão da Canção em maio, Salvado Sobral não quer o peso da responsabilidade de um ídolo, mas assume que canta "para tocar as pessoas, para influenciá-las, para as fazer pensar e questionar".

A todos os jovens músicos que sonham em chegar ao palco da Eurovisão, o cantor deixa um único conselho, baseado na sua própria experiência: "Vão estudar, é importante estudar música".
Pedro André Esteves - RTP

Escassos meses depois da operação, Salvador Sobral já está a trabalhar no segundo disco, onde conta com a colaboração de vários compositores e escritores que admira, incluindo Mário Langinha e os autores Miguel Esteves Cardoso e Gonçalo M. Tavares.

Não obstante as experiências recentes por que passou, o sonho de vida deste músico que surpreendeu a Europa das canções com "Amar Pelos Dois", da autoria da irmã Luísa Sobral, continua a ser o mesmo. "O meu sonho imediato é viajar pelo mundo e tocar pelo mundo inteiro. Ir a todo o lado fazer música", professa.
pub