Sinfónica de Teerão toca Tchaikovksy, Beethoven... e Frank Zappa

A Orquestra Sinfónica de Teerão foi ovacionada domingo em Osnabrueck, Alemanha, no final de um concerto em que to cou Tchaikovsky, Beethoven... e uma peça do excêntrico músico norte-americano de rock Frank Zappa.

Agência LUSA /

O concerto, cujo programa incluiu duas obras de compositores iranianos contemporâneos - Hassan Riahi e Nader Mashayekhi, director da orquestra - marcou o início de uma digressão de uma semana patrocinada pelos governos dos dois paí ses.

Nader Mashayekhi, 48 anos, um músico formado na Áustria, assumiu a dire cção da Orquestra Sinfónica de Teerão em Abril passado.

"Não nos devemos deixar intimidar, nem reagir emocionalmente. Há sempre uma maneira (para fazer as coisas)", disse Mashayekhi.

Segundo exemplificou, se a orquestra quisesse interpretar as "Canções d as Crianças Mortas", de Gustav Mahler, seria com um barítono e não uma mezzo-sop rano porque "algumas pessoas poderiam não gostar de ver uma mulher cantando dian te de um auditório com homens".

Os músicos iranianos estudam, aliás, em dois conservatórios diferentes - um para homens, outro para mulheres.

O antecessor de Mashayekhi, Ali Rahbari, demitiu-se em protesto pelas c ríticas das autoridades religiosas iranianas à musica ocidental, e em particular à Nona Sinfonia de Beethoven, que a Orquestra Sinfónica de Teerão ousou tocar, pela primeira vez desde a revolução islâmica de 1978.

Fundada na década de 40, a Orquestra Sinfónica de Teerão é constituída hoje por 80 músicos, que ganham em media cem dólares por mês. As mulheres que to cam no conjunto usam todas véu.

Em Outubro passado, a música ocidental foi oficialmente banida pelo pre sidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, mas a rádio e televisão estatais ainda a transmitem e gravaram o concerto em Osnabrueck.

O director do Gabinete de Música e Poesia do Ministério iraniano da Cul tura e Orientação Islâmica, Muhammad Hussain Ahmadi, que acompanha a tournée da orquestra, disse que o seu governo não põe restrições aos compositores ocidentais que devem ou não ser tocados.


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