"Teatro Delusio" da companhia alemã Familie Flöz regressa ao Festival de Almada em 2026

A peça "Teatro Delusio", da companhia alemã Familie Flöz, foi eleita Espetáculo do Honra do 42.º Festival de Almada, anunciou hoje o diretor artístico do certame, Rodrigo Francisco, no encerramento desta edição.

Lusa /

Segundo Rodrigo Francisco, "Teatro Delusio", uma peça do "teatro dentro do teatro", com máscaras, sem palavras, mobilizou 177 votos de um total de 429 votantes, garantindo assim o regresso da obra aos palcos do festival, para a 43.ª edição, em 2026.

Esta foi a quarta vez que a companhia alemã se apresentou em Almada, depois de ter conquistado o Espectáculo de Honra em 2019, com "Dr. Nest", e de em 2022 ter regressado com "Hokuspokus", duas criações coletivas.

Em segundo lugar, na eleição do público do festival, ficou "Le gros patinent bien - Cabaret de carton", do coletivo francês Compagnie Le Fils du Grand Réseau, com 118 votos, e, em terceiro lugar, "El mar - Visión de unos niños que no lo há visto nunca", dos espanhóis Xavier Bobés e Alberto Conejero.

"Le gros patinent bien - Cabaret de carton", Prémio Molière em 2022, criação de Olivier Martin-Salvan e Pierre Guillois, foi o espectáculo de abertura desta edição do festival. A obra traduz "a incrível epopeia de um homem através da Europa e dos séculos", continuamente comentada por cartazes de cartão.

"El mar - Visión de unos niños que no lo há visto nunca" resgata a história verídica do professor primário espanhol Antoni Benaiges (1903-1936), assassinado pelas forças franquistas no início da Guerra Civil de Espanha (1936-1939), que não pôde cumprir a promessa que fizera aos seus alunos: levá-los a ver o mar, depois de os ter ajudado a imaginar essa imensidão.

"Teatro Delusio", a obra que regressará ao Festival de Almada no próximo ano, obedece ao teatro de máscaras, sem palavras, da Familie Flöz. Esta criação, que o jornal britânico The Guardian considerou "uma comédia magistral", "brinca com as numerosas facetas do mundo dos palcos, espaço repleto de humanidade, onde abundam ilusões e desilusões."

Segundo a apresentação da peça, "a cena torna-se bastidor e o bastidor cena", através da história dos contra-regras Bob, Bernd e Ivan, "três técnicos que vivem na sombra, separados do mundo brilhante do espectáculo apenas por uma cortina."

"Teatro Delusio" é uma criação de Paco Gonzalez, Björn Leese, Hajo Schüler e Michael Vogel, que também encena.

O teatro da Familie Flöz tem raiz na escola de Folkwang, em Essen, na Alemanha. A companhia foi fundada em 1994 e em 2013 fixou-se em Berlim, onde abriu o Studio Flöz.

A 42.ª edição do Festival de Almada teve início no passado dia 04 e encerrou esta noite, no auditório da Escola Básica D. António da Costa, com a peça "Extra Moenia" ("Fora dos muros da cidade"), de Emma Dante, pelo Teatro Biondo de Palermo, Itália.

Ao todo, foram 20 espetáculos de teatro e dança, num total de 46 representações, mais 16 concertos, numa edição que contou pela primeira vez com o coreógrafo William Forsythe e homenageou a atriz Lia Gama.

Durante o festival, a Companhia de Teatro de Almada, anfitriã do certame, estreou "Um adeus mais-que-perfeito", do Nobel da Literatura Peter Handke.

Os prémios do festival, entregues esta noite, que distinguem autores dos melhores trabalhos jornalísticos sobre cada edição, foram atribuídos a Yaiza Cardenas (Grande Prémio Carlos Porto), pelo seu texto para a revista espanhola Godot, Paula Barroso, da revista Visão (Prémio Imprensa Generalista) e Helena Simões, do JL - Jornal de Letras, Artes & Ideias (Prémio Imprensa Especializada).

Três Menções Honrosas distinguiram igualmente Mark Brown, do jornal escocês The National, Joana Moreira, do jornal Observador, e a jornalista da agência Lusa Cláudia Páscoa.

Sobre o trabalho de Cláudia Páscoa, o júri do prémio destacou: "Prova que um texto de uma agência de informação não precisa simplesmente de ser neutro e que os jornalistas podem e devem manter e assumir a sua intermediação."

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