Teresa Prata aguarda estrear filme em Portugal e Moçambique com Mia Couto

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

A realizadora Teresa Prata afirmou hoje à Lusa aguardar ainda datas para estrear a sua primeira longa-metragem "Terra Sonâmbula" em Portugal e em Moçambique, onde espera ter a presença de Mia Couto, escritor em cuja obra baseou o filme.

Teresa Prata falava à Lusa, em Montreal, no decurso do Festival de Filmes do Mundo, onde fez a estreia mundial da sua película, uma co-produção portuguesa-moçambicano-germânica.

A realizadora manifestava-se feliz com a resposta do público ao seu filme neste certame que é reconhecido como de topo a nível internacional.

"Para mim, cinema é drama. E o que eu quero é chegar às pessoas, tocá-las, emocioná-las. Foi isso que aconteceu sobretudo na última exibição do filme na quarta-feira", tendo testemunhado alguns presentes a sofrerem com as peripécias do protagonista e a chorarem até.

"Terra Sonâmbula" relata a história de um menino, "Muidinga" - interpretado por Nick Lauro Teresa -, que, em plena guerra civil em Moçambique, parte à procura da sua mãe.

É a primeira longa-metragem de Teresa Prata, que já foi autora de quatro curtas-metragens e uma média-metragem.

"Terra Sonâmbula" segue de Montreal para o Festival Internacional de Filmes do Rio de Janeiro, Brasil, em meados de Setembro e em Outubro estará presente no Festival alemão em Mannheim.

Actualmente bolseira da instituição alemã Nipkow Programm Berlin, Teresa Prata cursou realização e argumento na Deutsche Film und Fernsehakademie Berlin, cidade onde reside.

Não há por enquanto datas de estreia do "Terra Sonâmbula" para os cinemas portugueses, indicou a jovem cineasta.

No entanto, mostrou-se convicta de que "o filme irá ser apresentado quer em Portugal quer em Moçambique", desejando que, nesta última ocasião, possa "contar com a presença de Mia Couto e de todos os [seus] actores moçambicanos".

Apesar de o elenco de actores ser quase integralmente amador por ter sido filmado em Moçambique com recurso a pessoas locais, a película conta ainda com a participação da actriz portuguesa Laura Soveral, no papel de D. Virgínia.

O filme foi rodado durante seis semanas em Moçambique, tendo tido uma "verdadeira equipa multinacional" nas mais variadas funções.

Instada a comentar o actual cinema nacional, afirmou:" Vejo pouco cinema português porque vivo na Alemanha. Quando vou a Portugal vejo sempre o que há. O último filme português que vi foi o `Alice`, do Marco Martins".

"Estou sempre com esperança que devagarinho surja uma nova geração no cinema português. Porque estamos a precisar de sangue novo", considerou.

"É preciso pessoas mais novas, a contar um outro tipo de histórias, numa linguagem mais moderna", acrescentou Teresa Prata.

No percurso desta realizadora portuguesa destaca-se a sua participação como directora de fotografia em "Totensang", uma curta-metragem de Clara Lopez Rubio, com a qual obteve o prémio de Melhor Fotografia do Festival del Cine Experimental de Madrid em 1999.

"Terra Sonâmbula" é uma produção conjunta da Filmes de Fundo (Portugal) com a ZDF (Alemanha) e a Ébano Multimédia (Moçambique), tendo obtido apoios financeiros do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), Ministério da Cultura, Instituto Camões, RTP e ZDF/ARTE.

Esta é uma das cinco produções lusas exibidas durante o 31º Festival de Cinema do Mundo de Montreal, que segunda-feira termina.

As outras películas portuguesas são "A outra margem", de Luís Filipe Rocha (na secção de competição); "20,13", de Joaquim Leitão; a co-produção luso-espanhola "La Caja", de Juan Carlos Falcon; e a curta-metragem de 15 minutos "Deus não quis", de António Ferreira.


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