Textos de José Craveirinha reunidos em obra completa
Cerca de 10 mil textos inéditos ou pouco conhecidos do poeta moçambicano José Craveirinha vão ser reunidos numa Obra Completa, que deverá estar concluída dentro de três anos, nos termos de um acordo hoje assinado em Maputo.
O acordo, para cedência dos textos inéditos e posterior edição da obra, foi assinado em Maputo entre o filho do poeta (falecido em 2003), José João Craveirinha, e o Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa (FBLP).
O trabalho de edição estará a cargo de uma equipa de especialistas moçambicanos e portugueses, coordenada pela professora da Universidade de Lisboa Ana Mafalda Leite.
Em declarações à Agência Lusa, José João Craveirinha considerou que a edição das obras inéditas do seu pai vai constituir "uma grande surpresa para as pessoas".
Para o filho de Craveirinha, que descreveu a iniciativa como "o princípio da imortalidade" da obra do poeta e prosador, a edição das obras completas poderá contribuir para que um dia o seu pai possa ser objecto de estudo nas academias do Velho Continente.
"Quem sabe se com este trabalho não vamos ter um poeta moçambicano a ser estudado nas grandes universidades. Este é o princípio", disse, adiantando que este ano vão ser dados a conhecer dois trabalhos de Craveirinha "desconhecidos do grande público", nomeadamente, no dia em que faria 85 anos (Craveirinha nasceu a 28 de Maio de 1922), um estudo do folclore moçambicano e um disco de poemas declamados por ele.
Por seu lado, Ana Mafalda Leite realçou a importância da iniciativa, que permitirá "uma visão total" da obra do poeta, de que apenas era conhecida a "ponta do icebergue".
Lourenço Rosário, presidente da FBLP (Craveirinha foi também presidente deste organismo durante seis anos), descreveu este como "um dia importante para os falantes da língua portuguesa".
As obras inéditas ou pouco conhecidas do poeta moçambicano incluem poemas, crónicas, contos, artigos diversos e recortes de imprensa.
José Craveirinha tornou-se, em 1991, o primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.