The Temple são novos pontas-de-lança do heavy-metal português

por Agência LUSA

Os The temple são a nova banda ponta-de- lança do heavy metal feito em Portugal, com o álbum "Diesel Dog Sound" a reunir o entusiasmo das críticas da imprensa internacional especializada.

"Um mês a viver numa roulotte em Londres", como contaram à Agência Lusa o baterista Rui Alexandre e o baixista Hugo Oliveira, serviu para a banda se colocar "no centro de tudo" e produzir um dos álbuns mais marcantes da história do rock pesado em Portugal.

O "perfeccionista" britânico Dave Chang produziu o álbum, editado em Portugal pela Raging Planet, e do qual os The Temple preparam o lançamento do segundo teledisco, "Babyhate", num evento que poderá contar com o patrocínio da MTV.

"Diesel Dog Sound" revela uma banda exímia tecnicamente, capaz de dominar diferentes dinâmicas e estilos no mesmo disco e dentro da mesma canção, como provam "Fightbull" ou "Paper Chains".

O álbum, editado em Abril deste ano, tem tido um impacto internacional assinalável, destacando-se a classificação 4/5 da revista inglesa Kerrang! e menções também nas revistas especializadas Terrorizer, Aardschock ou RockHard.

Não é de estranhar que Fernando Ribeiro, dos Moonspell - a banda portuguesa com uma projecção internacional só comparável aos Madredeus - participe em "Devil+s Lover", uma das faixas mais pesadas de "Diesel Dog Sound".

O nome do álbum corresponde a uma metáfora criada entre os membros da banda (que compreende ainda João Afonso e José Carlos nas guitarras e João Luís na voz), que descreve o espírito "rock n+roll" que norteou a produção de "Diesel Dog Sound".

Os The Temple não se fixam num só estilo, optando por uma personalidade que também convida parcerias de músicos como Zé Pedro, guitarrista dos Xutos & Pontapés ou o acordeonista Ricardo Pereira.

Num alinhamento que vai do puro punk-rock de "Diesel Dog Sound" à melancolia de "Falling" (que conta com uma guitarra portuguesa a homenagear Carlos Paredes), o álbum junta temas que os The Temple vinham escrevendo desde há dois anos.

"Não nos impusemos limites, eram as músicas que tínhamos", referiu Rui Alexandre.

A acompanhar "Diesel Dog Sound", a embalagem digi-pack traz faixas multimédia bónus e um DVD que atesta o profissionalismo da banda no que toca à edição, com os vídeos de "Millionaire", "Babyhate" e um documentário das sessões de gravação em Londres.

Com uma digressão europeia em preparação, os The Temple mantêm a atitude "descontraída" que durante mais de dez anos lhes assegurou uma formação constante, mesmo que durante alguns períodos, os músicos tocassem sobretudo "uns para os outros".

Os membros da banda não vivem da música a tempo inteiro, valendo- se dos seus "empregos diurnos" na área da informática para contribuir para os The Temple: Hugo Oliveira e Rui Alexandre encarregaram-se eles próprios da produção da parte multimédia e DVD.

Diversas "demo-tapes", o álbum "The Angel the Demon and the Machine", de 1997, ou o máxi "DEMÓNIO" fazem a história dos The Temple, para quem a Internet representou uma "nova vida para a banda, uma revolução".

Confinados ao "underground" em Portugal, um país em que "a cultura rock é ainda incipiente", referiu Rui Alexandre, a página thetemple.com.pt foi a janela para fora de Portugal que "revolucionou" a vida da banda.

36 mil "downloads" de temas em dois anos deram alento aos músicos, que sentiram "a urgência de fazer qualquer coisa nova", afirmou Hugo Oliveira.

A primeira consequência foi a retirada dos temas para download , porque a procura fez disparar as despesas com o servidor da página, que chegaram aos 400 contos, contou Rui Oliveira.

A parceria com a editora Raging Planet, de Daniel Makosch, agente da banda e produtor executivo de "Diesel Dog Sound" pôs "ordem na casa" e resultou primeiro no máxi "DEMOnio".

Actualmente em digressão com outras bandas da Raging Planet, os The Temple apontam como "grande frustração dos músicos em Portugal" a falta de "oportunidades para mostrar o seu trabalho".

Depois de mais de uma década a lutar contra a "inércia, a falta de consciência colectiva e atitude" do meio "underground" do rock em Portugal, os The Temple não escondem os "momentos felizes" que o reconhecimento internacional a "Diesel Dog Sound" lhes tem proporcionado.

Com licenciamento internacional assegurado pela editora britânica Copro Records, o álbum já ultrapassou o continente europeu, ilustrando a lição que os Temple tiram deste momento da sua carreira:

"se se fizer um produto bem feito, chega-se lá".

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