Touradas à corda, típicas da ilha Terceira, atraem milhares de pessoas entre 1 de maio e 15 de outubro

Angra do Heroísmo, 28 abr (Lusa) - A época tauromáquica da ilha Terceira, nos Açores, arranca terça-feira com as típicas touradas à corda, prolongando-se até 15 de outubro, com um calendário que chega a incluir cinco corridas no mesmo dia.

Lusa /

Para o primeiro dia da nova época estão agendadas três touradas à corda, uma manifestação tauromáquica típica da ilha Terceira, que atrai milhares de pessoas, entre residentes e turistas.

As touradas à corda decorrem na rua, sendo o perímetro delineado com riscos brancos no chão, que indicam até onde o touro pode ir, acomodando-se os espetadores em muros e varandas devidamente tapados com proteções de madeira para impedir as investidas do animal.

O espetáculo começa às 18:30 no verão, sendo antecipado à medida que os dias vão ficando mais curtos, mas a festa arranca logo de manhã com a escolha dos touros no campo, onde são realizados almoços ao ar livre, muitas vezes acompanhados por música e brincadeiras com bezerras nos `tentaderos` dos ganadeiros.

Algumas horas antes da tourada, os quatro touros escolhidos são colocados em gaiolas de madeira, sendo o transporte para o local da corrida seguido por uma caranava de carros enfeitados com hortênsias, uma planta abundante no interior da ilha.

Às 18:30 é lançado o foguete que anuncia o início da tourada, altura em que o animal sai da gaiola, depois de lhe ter sido amarrada uma corda ao pescoço e de lhe serem colocadas bolas nas pontas dos chifres.

Para que o touro não ultrapasse as linhas que delimitam o arraial da festa, a corda, que tem entre 90 a 100 metros de comprimento, é agarrada por `pastores`, normalmente entre sete a dez, divididos em dois grupos.

Figura importante são os `capinhas`, que `atiram um passo` ao touro, provocando a investida do animal com guarda-chuvas abertos e camisolas, que substituem as capas utilizadas nas praças de touros.

Qualquer um se pode arriscar a `brincar` com o touro, fazendo-o apenas por gosto, uma vez que não existem `capinhas` pagos, da mesma forma que ninguém paga bilhete para assistir ao espetáculo.

Tradicionalmente, as mulheres ficam nas varandas, enquanto os homens passeiam pelo arraial, fugindo ou trepando muros, portões e postes de eletricidade quando o touro se aproxima, sendo os mais destemidos aqueles que não se afastam muito do animal.

O touro não pode estar na rua menos de 15 minutos, nem mais de meia-hora, e o recolher à gaiola é marcado novamente por um foguete.

Nos intervalos entre cada touro, a população aproveita para petiscar nas tascas ambulantes instaladas no local ou nas mesas fartas disponibilizadas por quem mora na zona do arraial.

No final, a festa prolonga-se nos `comes e bebes`, por vezes acompanhados com música, a que os terceirenses chamam o `quinto touro`.

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